O FRÁGIL BARCO DA VIDA!!!

No frágil barco da vida

Já navego a muitas milhas

Enfrentei várias tormentas

Buscando abrigo nas ilhas

Onde a bonança inebria

Ameniza e alivia

Mágoa, dor e solidão,

Traz sossego para a alma

Além da paz que acalma

E tranquiliza o coração.

Em meio as ondas bravias

Lancei males e agruras

Aguardando que os bons fluídos

Brotem nas ondas futuras

E que as ternas calmarias

Permitam que as alegrias

Venham, e as cruéis procelas,

Nos mares fiquem perdidas

E as vias percorridas

Por mim, passem longe delas.

As mágoas que me atormentam

Deixei envoltas nas brumas

E as sequelas que restaram

Misturei-as com as espumas

Fui procurar na pureza

Do mar, minha fortaleza,

Pra prosseguir com meu plano

E com esse barco singelo

Da vida, firmei um elo

Com o imenso oceano.

Receio que o remo quebre

Ou mesmo o pano da vela

Rasgue, e eu fique à deriva,

Em situação singela

Oscilante e inseguro

Temendo que o futuro

Não será tão promissor

Perdido no mar bravio

Tendo a vida por um fio

Num quadro desolador.

Mas, se os ventos da bonança

Vierem me socorrer

Evitando que a borrasca

Chegue para me abater

Ou fazer desmoronar

Meu afável bem-estar

Decadente e delicado

Que já está comprometido

Atordoado e perdido

Sobre esse mar agitado.

E assim vou navegando

Nas correntezas bravias

Em busca de um refrigério

Pra minhas horas vazias

Nas águas que ora velejo

Desse ângulo em que me vejo

Sou um vivo semimorto

Carregando minhas mágoas

Singrando essas verdes águas

Sonho com um seguro porto.

Caros Aires

30/08/2021