A PARÁBOLA DO SAPO E O ESCORPIÃO (uma releitura em cordel)
POR JOEL MARINHO
 
Que os deuses da poesia
Venham aqui me iluminar
E me encham de inspiração
Para uns versinhos rimar
Pra deixar esta lição
Que sapo e escorpião
Juntos jamais podem andar.
 
Um dia um pobre sapo
Ia atravessar um rio
Quando veio o escorpião
Olhou pra ele e sorriu
E foi logo puxando papo
Dizendo meu caro sapo
Estou morrendo de frio.
 
Ao outro lado do rio
Sei que vai atravessar
Quero ver minha família
Que está do lado de lá
A última chuva que deu
Todo meu mundo mexeu
Parei no lado de cá.
 
O sapo desconfiado
Falou ao escorpião
Eu não confio em ti
Com a peste desse ferrão
Ele disse tenha dó
Não vê que eu estou só
Ajude a mim, meu irmão!
 
Irmão? Retrucou o sapo!
Escorpião não tem amigo
Com o veneno que tem
Aos outros leva perigo
Se eu te atravessar
Lá vai querer me estranhar
E me verá como inimigo.
 
Ave Maria, falou!
E uma lágrima desceu
Fez uma cara tão triste
Que ao sapo convenceu
E disse está tudo bem
Vejo que tu é do bem
Serei um amigo seu.
 
Pulou nas costas do sapo
E levantou o esporão
Naquele nado perfeito
Pareciam dois irmãos
Conversavam sobre a vida
Mas antes da despedida
Voltou ser escorpião.
 
E bem no meio do rio
Cravou no sapo o ferrão
Que foi sentindo o veneno
Parando seu coração
Porém antes de morrer
O sapo disse, por que?
Me fizeste traição.
 
Ele disse, caro sapo
É da minha natureza
Isso está além de mim
Juro, lutei com firmeza
O sapo disse, que merda
E esticando as pernas
Afundou na correnteza.
 
O escorpião o soltou
Porém sem saber nadar
Ainda se debateu
Mas viu seu corpo afundar
Passou um peixe e o pegou
Rápido que ele nem picou
E assim virou jantar.
 
Morreu sapo e escorpião
Sem tempo de atravessar
O sapo por ser bonzinho
Só queria ajudar
E o maldito escorpião
Com seu instinto do cão
Viu seu mundo se acabar.
 
Escutem caros amigos
Prestem bastante atenção
Àqueles que pedem ajuda
Com aquele sorrisão
Tome bastante cuidado,
Pois pode estar disfarçado,
Porém é escorpião.
 
E como tem por aí
Esse ser “escorpião”
Que chega como amigo
E dar tapinhas com a mão
Acaricia tuas costas
Dizendo que de ti gosta,
Porém te finca o ferrão.
 
Igual ao escorpião
Tem por aí muita gente
Mesmo que lhe custe a vida
Ele te finca os dentes
E inocula o veneno
Morre, porém, morre pleno
Como um demônio insolente.
 
Deixo-te aqui meu abraço
Com paz, amor e união
Quero pertinho de mim
Todos os amigos irmãos
Quero longe a falsidade
Quero abraços sem maldades
E distância de escorpião.