O ASSALARIADO!!!

Quem ganha muito dinheiro

Assim como um deputado

Nem vai notar que o feijão

Está com o preço alterado

Que o arroz e a batatinha

Carne de boi de galinha

E o ovo da mesa some

Na casa do operário

Que com seu mísero salário

Padece passando fome.

O preço do gás é alto

O do transporte também

As contas de água e de luz

“Didin” pra pagar não tem

E se for comprar remédio

Finda morrendo de tédio

Com o alto custo, e aliais

Para aumentar a desdita

Mora numa palafita

Pois ganha pouco demais.

Uma casinha modesta

Sequer pensa em alugar

Uma peça de roupa nova?

Só se a velha se rasgar

Está fora do seu esquema

Shopping, teatro, cinema,

Vez por outra vai a praça

Por ela estar adequada

A sua renda apertada

Já é pública e é de graça.

No armário da cozinha

Não tem leite bolo ou pão,

Óleo, sardinha, salsicha,

Margarina, requeijão,

Salame charque, xerém,

E falta o fubá também

Pra fazer um bom cuscuz

Assim o assalariado

Segue triste, acabrunhado,

Conduzindo a sua cruz.

Quando adoece o coitado

Não tem plano de saúde

Está e mercê da sorte

E espera que Deus lhe ajude,

Criança ou pessoa adulta

Pra marcar uma consulta

Tem que pedir a Jesus

Pra amenizar seu dano

Senão vai passar um ano

Esperando pelo SUS.

Coloca o filho na creche

Pra poder ir trabalhar

Pois lá sempre tem comida

Pra o mesmo se alimentar

E iniciar seu estudo

Que lhe servirá de escudo

Ao longo da trajetória

Pra que não tenha jamais

A triste sina dos pais

Que amargam a vida inglória.

Quem ganha o salário mínimo

Não se atreve a imaginar

Em quando sair de férias

Com a família ir viajar

Pois isso é coisa de rico!

Diz, vou arrumar um “bico”

Pois a dívida está crescendo

Quero ficar trabalhando

Só assim posso ir pagando

A quem eu estou devendo.

Acho que o nosso país

Deveria se adequar

A uma política justa

Para beneficiar

Aquele que ganha pouco

E que vive quase louco

Pensativo e sufocado

Com tanta disparidade.

Tratem com dignidade

O nosso assalariado!

Carlos Aires

31/08/2021