O MILAGRE DE JESUS
Depois de muito trabalho,
Cumprido depois do horário.
Era alta madrugada,
Eu voltava pro meu lar cansado da jornada.
Vinha vindo pela rua,
Contemplando a alta lua,
No escuro da calçada
Uma sombra encostada...
Avancei sem exitar,
Pois precisava lá passar.
Meu coração acelerado
Batia descompassado.
Ao passar, um pouco à frente...
Congelou-se minha mente,
Dê-mi tudo companheiro
Teu relógio teu dinheiro.
De joelho na calçada,
Respondi com voz cansada,
Se quer tudo vai levar,
Pelo amor de Deus, só não queira me matar.
Com revolver no pescoço,
Ainda expliquei pro moço
Eu to indo pro meu lar
Para o meu filho encontrar.
Sou arrimo de família,
Leva tudo me humilha,
Mas deixa eu regressar
Com vida pro meu lar.
Mas o homem sem piedade,
Um escravo da maldade,
Me humilhou, me maltratou,
Me cuspiu e me pisou.
Só pra ver se eu tinha medo,
Antes de puxar o dedo,
Eu pedia a implorar...
Ele me mandou rezar.
Eu nunca tinha rezado,
Eu que era só pecado.
Elevei meu pensamento
E orei por um momento.
Um clarão apareceu
Minha vista escureceu.
O bandido desmaiou
E ali mesmo ele tombou.
E morreu não teve jeito,
Com um cravo no seu peito.
Sem saber quem o matou
Sem saber quem me salvou.
Nesta hora agente grita,
Berra, chora e acredita,
Que um santo socorreu
Que um milagre aconteceu!
Já estava amanhecendo,
A alegria me aquecendo.
Logo entrei na catedral
Jurando ser leal.
Cada santo que eu via
Eu de novo agradecia.
Santo, santo que salvaste
Esta alma abençoaste.
Veja os santos de passagem
Não me toque nas imagens,
É segredo não comente,
Pra não assustar toda essa gente.
Me pediu um rapaz de olhos azuis,
Pois lá ninguém explicava,
Um dos cravos que faltava
Na imagem de JESUS!
Este poema foi inspirado na música “O Milagre da Flecha” interpretada originalmente por “Moacir Franco”.