Para um Amigo

Eu neste cordel vou falar

Das dores e seus pesares

De uma perda repentina

Amigos e seus familiares

Que só restou o lamentar

E no peito mora um pesar

Do eterno Valmir Soares.

Ele era colega e estimado

Tão chegado quanto irmão

Tão gente fina, tão bacana

Aquele amigo por vocação

Na alegria era um parceiro

E na tristeza, companheiro

Pois tinha um bom coração.

Um ser humano de paz

Por todos foi tão amado

Foi sempre fiel à religião

E ao divino tão apegado

A sua melhor qualidade

Era a de fazer amizade

Dom gentil e abençoado.

A cultura era seu sobrenome

Tudo o que tocava dava certo

Quadrilha, fanfarra ou teatro

Com sua equipe sempre perto

Nos resgatou a Paixão de Cristo

Espetáculo bonito de ser visto

Um grande show a céu aberto.

Os torneios que ele organizava

E também as festas de São João

E a quadrilha Chamego na Roça

Trazia pra todos muita diversão,

E um reencontro bem preparado

Que trouxe pessoas lá do passado

Para relembrar aquela tradição.

E o que eu tenho pra relatar

Quem dera fosse um engano

Tua passagem foi muito breve

E tão grande como um oceano

A morte é apenas uma viagem

Da qual não se leva bagagem

Nem voltar faz parte do plano.

E quando eu fui informado

Pra longe já tinhas partido

Assim deu-se a sua morte

E para o céu havias subido

Foi morar no paraíso eterno

Reencontrar o amor materno

O amor mais puro já surgido.

Imagino o céu todo enfeitado

Pois um anjo seguiu o caminho

Pra chegar na morada celeste

Um pássaro voando pro ninho

Como quem busca a liberdade

Regado num choro de saudade

Preenchido com nosso carinho.

E também venho aqui contar

Da sua pureza e simplicidade

Também do seu estilo de vida

Com muita honra e dignidade

E que viveu tão intensamente

A vida que ganhou de presente

E aproveitou com intensidade.

Essa é a lição que ele nos deixa

Viver sempre e não se importar

Não ligar ao que quer que seja

Pois nada da vida vamos levar

A não ser a certeza da amizade

Sentimento bonito de verdade

E que faz a gente se eternizar.

A vida tem poucas certezas

E demoramos pra perceber

Pois a complicamos demais

Que até deixamos de viver

Eis o grande ‘X’ da questão

E uma difícil comprovação:

Um dia vamos todos morrer.

E se essa é uma lei dura da vida

Tu não terás morrido, só viajado

Eras um verdadeiro e fiel amigo

Que viajou para o quarto do lado

Pois a morte é só viagem de ida

Da qual não permite despedida

Mas por todos, serás lembrado.

E o que Valmir Soares deixou

Foi a sua doce e boa vontade

Seu cuidado com toda família

E aos amigos, a sua amizade

Aos que ficam, o sentimento

É lembrança no pensamento

E no coração mora a saudade.

(Dedicado ao saudoso amigo e secretário de cultura, Valmir Soares.)

Sillino Vitalle
Enviado por Sillino Vitalle em 23/09/2021
Reeditado em 04/11/2021
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