MATA PARIDEIRA

Da verde floresta amazônica

Não saiu apenas a seringueira

Ou o fruto da castanheira

Nem tampouco só o açaí

O Jambo, a bacaba, o buriti

O café, bauxita e até ouro

Esta mata esconde tesouros

Onde não falta a caramuri

Há muitas coisas a mais

O cupuaçu que é o pai do cacau

O urucum que é pai do colorau

A jandaíra, dona do mais doce mel

Nos remete às delícias do céu

Outro que se originou daqui

É nosso querido Tambaqui

E o Pau-rosa, pai do Chanel

A mata não para de parir

Coisas novas a partir das antigas

Juntam-se a ela, sem qualquer intriga

Frutas vindas de outros rincões

Que sobrevivem em nossos torrões

O abacaxi, sem prosa nem verso

O daqui é o melhor do universo

Obrigatório em todas refeições

Este povo daqui é tão rico

Que se permite esnobar o bagre

Dizendo ter gosto de vinagre

Outros peixes são mais saborosos

Jaraquis são sempre deliciosos

Pirarucu, o maior e mais querido

Tucunaré satisfaz qualquer pedido

Os de fora ficam invejosos.

Quanto ainda não se sabe

Da fartura dessa mata sem medida

O que mais pode se tornar comida?

Sabor exótico que nos instiga

Já se come a onipresente formiga

Também da Vitória Régia, quem diria

Se faz pratos que trazem alegria

Assim como o tempurá de urtiga.

E os temperos que nela existem

Folhas, raízes, brotos e cipós

Na terra, na várzea nos igapós

Cascas, folhas e até capim

Alimentos ou remédios pra tudo, enfim

Amargos, doces ou aromáticos

Gostosos ou não, mas homeopáticos

Produtos deste imensurável jardim.

Ah, selva que precisamos conhecer

Amar, viver em harmonia com ela

Ela é da vida nossa sentinela

Desfrutar, usar, sem jamais a ferir

Para que nunca deixe de parir

Frutos, flores, peixes, ar puro

Precisa ficar em seu lugar seguro

Para o mundo dela usufruir