HUMANO, MAS BICHO!

HUMANO, MAS BICHO!

 

Ser humano, mas ser bicho,

Me faz escolher.

Sendo voz e não esguicho,

A garganta é pra dizer.

Serei tudo que disfarça,

Pois não sei andar na praça,

Sem bares,

Sem trama,

Covarde e sacana.

Certo dia vejo um lixo,

Com uma mulher,

Junto a ela era fuxico,

Por nem ser quem quer.

Era louca tempestade,

Bem no meio da cidade,

Dos ricos,

Tão loucos,

Dos bichos,

Já poucos.

Já não somos mais humanos,

Muito menos sendo bichos,

Somos tudo que é profano,

Que no fim é o lixo.

Somos tudo, somos nada,

Somos boi na invernada,

Sofrendo,

Mugindo,

Correndo,

Pastando.

Só queria ser estrela,

Mas só sei como não sê-la,

E deveria ser pirraça,

Mas só sei ser a vidraça,

Onde o plano sai voando,

Pois são livros e a traça,

No espaço,

Nas nuvens,

Ou na senzala,

Que se insurge.

Continuo a ser um bicho,

Pois prefiro até ser nada,

Onde há gralhas se fartando,

E um louco nos maltrata,

Se agora é em Tordesilhas,

Onde há trouxa além Brasília,

Mas é um Capo,

E o seu perjúrio,

Com seu escrache,

Em um lodo sujo.