O CORDÉU DO ZÉ SCAMBAU

Vô fala do delegado

Aqui do bairro perau

Pensa num ome brabo

Mas ele não era mau

Só dispois eu fui sabê

Que ele veio aqui prendê

O bandido Vadisláu

Vadislau ome bandido

De aparença infernáu

Um caboco veneneso

Iguar uma cobra corau

quando ele se apresentava

O catimbáu se disfarçava

Em formato de urutáu

Quando foi um belo dia

Nos meio dum cafesáu

De vereda demo de cara

Com o tar de Vadisláu

Que tava no mesmo atáio

Diz que ia jogá baraio

Na venda do meneláu

Fumo chamá o delegado

Por drento do canaviáu

Eu e meu guri Jardéu

Junto com o Juvenáu

Um caboco munto bardoso

Alemão munto medroso

Das banda de brumenáu

Quando cheguemo na bodega

Avistemo uma Ruráu

Era o carro do delegado

Com as muié do bacanáu

Quando ele ficô sabendo

O cagão foi se escondendo

E sumiu no milharáu

O governadô quando sobe

Do papéu do catimbáu

Nomeô pra delegado

O bandido Juvenáu

E hoje a nossa cidade

Já miorô barbaridade

Ganhemo inté carnaváu

Vamo ganhá pinheirinho

quando chega o natáu

Vamo ter papai noéu

E dia de são Nicoláu

Vamo ter um zeroporto

Um cemitéro pos morto

E inté cartão postáu

Catimbau não vortô mais

Pra assumi o seu papéu

Vadislau de delegado

Virou um cabra fiéu

Por isso eu arresorvi

Sentei aqui e escrevi

Essa omenage em cordéu

Pedrão Cordelista
Enviado por Pedrão Cordelista em 22/01/2022
Reeditado em 22/08/2023
Código do texto: T7434698
Classificação de conteúdo: seguro