AS AVENTURAS BREJEIRAS NO ENGENHO VENEZA DA BELA MALVINA COM O RICO SILVINO

Quem quer leitura faça bom proveito

Neste tom poético que preparo

No Cordel Brasileiro tenho faro

Esteja bem confortável com jeito

Puxe seu banco para ler direito

A nossa literatura mudou

Em todo sentido já se firmou

E te respondo sem ser fantasia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Nas recordações daquele passado

Pelos barris deste velho Veneza

Estruturas da fina boniteza

Queiram curtir o mote galopado

Bravo menestrel vai ser demonstrado

O verso delirando martelou

História lida contabilizou

Persona retratando poesia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Engenho da bagaceira da cana

És lembrança na pura puberdade

Infância boa que nos traz saudade

Crescendo forte com gente bacana

Aprendendo para não ser sacana

Como bem exalta Zé Pecador

Que nunca tendo dá pro seu pastor

Visitando campos em freguesia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

É neste misterioso lugar

Que Silvino com bons anos vividos

Já fuxicavam outros atrevidos:

- Inventou duma pequena gostar!

- Prometendo com ela se casar!

Numa porteira dos gados cantou

Na sanfona boa se lambuzou

Haja tocar dentro da vacaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Malvina é sapeca pequenina

Foi xodó na cabeça de menino

Cortejada bem cedo por Silvino

Ele quer porque quer ter a menina

Porém, a riqueza não determina

Simplesmente pensa que conquistou

Pelo contrário somente flertou

Cerrando seus olhos em letargia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Esta moça depois do nascimento

Nunca deu chance pra brotar espera

Quis nessa vida sempre ser sincera

Tudo que tem é por merecimento

Respeitada pelo conhecimento

Sabe das garras dum paquerador

Nem sonhou ser daquele trovador

Esta devota de Santa Maria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Despontando lindo sinal no rosto

Vai causando nas moças só ciúme

Pelo natureza do seu perfume

Nunca necessitou sair do seu posto

Nem também neste provocar desgosto

Tudo nela é brejo benfeitor

Com sorriso franco batalhador

Que todos desejam em rebeldia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Infinita terra será comprada

E Silvino fará moer engenho

Se for necessário terá empenho

Para moagem mensal esperada

Garapa, melaço com cachaçada

Comprar Veneza sempre cogitou

Pôr para funcionar desejou

Porque com Malvina se casaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Na temática da sutil tolice

Falsos sóbrios representando risos

Vão descontrolando por serem lisos

Nas grosserias e também burrice

Pelo trato numa baita chatice

Ganhar posse é ser possuidor

Silvino é exímio vencedor

Para vender sorte na tirania

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Toda luta requer muita prenda

Sendo melhor preencher a lacuna

E Malvina é bem mais que fortuna

Haverá baile naquela fazenda

Bem no período da boa moenda

O Silvino somente festejou

Anel de noivado na mão botou

Dois querem pro sonho que contagia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

A jovem não casou pela carência

Quando resolveu ficou refletindo

É que todos esses anos fugindo

Toda caça chega sem conivência

Fazendo desta regra paciência

Em desalinho somente lutou

Orfã dum pai não teve condutor

Criada pela mãe com simpatia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Enfrentam oposições no casório

Como tudo tivesse sido teste

Tal qual se separar neste Nordeste

Brigas indefinidas no cartório

Os presentes meteram falatório

A maldade deles até se calou

Tanta ciumeira querem expor

No beijo fino duma fidalguia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Igreja Católica da Missão

Famílias realizando promessas

Convidados não se contém às pressas

O casamento é mais que paixões

Dois querem e preparam emoções

Bolo confeitado libertador

Criatividade quem confeitou

Pra ser degustado com alegria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Esta guerreira de gentil encanto

Ver irregularidades na terra

Com seus moradores indo pra serra

Nestes abrigos de puro quebranto

Esquecendo proteção no recanto

Aquela crueldade vem propor

Olhos no poder com gasto pudor

No semblante desta gente vadia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

O seu marido quase fica louco

Quer ganhar disputa nesta maré

Na tardezinha tomando café

De tanto gesticular fica rouco

Ciente que tudo só vem bem pouco

Feliz contratempo provocador

Com tanta multidão que fofocou

Este povo pacato falaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

A senhorita controla salários

Conserva seu corpo na juventude

Trabalhadores querem atitude

Há descontrole dos natos falsários

Sabendo do peso destes corsários

O caos mortal é limitador

Vai paixão que sentimentalizou

Pulso mais vento movimentaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Rico maquinário cai na quentura

Fornalheiro num bom jumento some

É que mel bem quente fica sem nome

A cana é açúcar na doçura

E caldo doce no tempo candura

O proprietário não suportou

Vasta produção farta desandou

Pessoal morador só sofreria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Restava se contrapor ser contente

Para que nenhum qualquer tome conta

Gente dos arredores só apronta

Quando quase que tornasse repente

Por meio deste sol tipo potente

Engenho Veneza todo queimou

Silvino com tanta raiva chorou

A caldeira pesada já cedia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Terrível incidente casual

Pautado - do peitoril pro gogó!

Gritavam mascarando grande nó

Enquanto Malvina ver hospital

Cansada com toda zona rural

Dia da mágoa que tanto sangrou

Gemidos dum falso conversador

Toda família não se lembraria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Na tremenda noite da lua cheia

Adentrando na sala formidável

Malvina se completa mais amável

Já o Silvino nem quer provar ceia

Percebe na patroa cruel veia

Dilatando na garganta da dor

Corre-corre pra chamar o doutor

Naquela sofrível enfermaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Com narinas que já não se respira

Procura seu par para despedida

O pouco que resta faz a subida

É mórbido calmante que suspira

Como raio quebrando sucupira

Deixa Silvino sendo redentor

É isso que fracassa bom humor

Magras lágrimas em melancolia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Ele com tantas mulheres viveu

Em dramas confusos duma novela

Enredos cortados numa tijela

Das sonoras do genial Orfeu

Do fogo lúdico do Prometeu

O dito cujo foi consolador

Naqueles tempos dava pra compor

Escritos da fenomenologia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

O viúvo sente que é cafona

Mago senhor da gênese Carvalho

Se faz fútil sobre total orvalho

Deste véu reconhecendo madona

Precisa resgatar tocar sanfona

Dignidade sempre lhe consolou

Assim por toda vida que restou

Acredito que jamais mataria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Pisando vontade passageira

Populares viviam da lorota:

- Silvino tinha navio sem frota

- O mais alto da terra brasileira !

- Distraídos cessam a brincadeira

Acreditam na vida sem rancor

Porque castas viviam do clamor

Tristonhos viventes da boemia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Herdeiro deste casal faz campanha

Silvino Saldanha Carvalho Filho

Homenagem provocada no brilho

Pro seu vovô plantador de castanha

O bom paraibano Pedro Saldanha

Na recaída se faz sedutor

Na formatura pra ser produtor

Moribundos cantos de cotovia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

O primogênito soube notícia

Tão repentinamente vive triste

Seu papai quer e pueril insiste

Refaz todos os casos na polícia

Na reta terminal houve perícia

No jovial engenho moedor

Quando na verdade nada ficou

Silvino frágil sempre padecia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Malvina deixou parentes distantes

Que vivem em distintos municípios

Enquanto seus pais correm precipícios

Conversas retiradas dos falantes

E tinha gente das causas errantes

Abordando: - Silvino não prestou

- Infernal bestial enganador!

No capim santo chá encantaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

A galera cordial esperava

Duro sucumbir quase vem correndo

Porque Silvino não se ver morrendo

A gente mensurável enterrava

Firme virtude fértil encontrava

Este nobre cidadão contratou

Após ser casado foi cantador

Em outroras por tudo provaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Fluxo natural dado por incerto

Manchetes estampadas em jornais

Silvino é fogo pros imortais

Vendo Malvina num lençol deserto

Vai deixando linho ficar aberto

Porque nesta região caducou

Mais de século sempre se contou

Desta boca dos machos ouviria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Um novo prefeito do lugarejo

É Saldanha Filho com voto forte

Ver seu pai beirando leito da morte

Lamenta: - Na saúde te protejo

- Vais ouvir longe sons de realejo!

Pra salvá-lo cara grana gastou

Tudo pelo prazer aquecedor

Imediatamente salvaria

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Pra resumir o que vivo citando

Ninguém sabe qual o dia nem hora

E da viagem na foice caipora

O brejeiro continua plantando

Largas sementes tão vivas brotando

Pela força dum simples colhedor

Ser Humano por total esplendor

É assim mesmo sem vir harmonia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

Chegando neste final agradeço

Por termos a lucidez elegância

Conto lendas em qualquer circunstância

Estrofes prolongadas ofereço

Em décimas benéficas mereço

Românticos brincam de beija-flor

Racionais visões deste leitor

Que dramaticamente saberia

Tem velhice batendo nostalgia

Sentindo falta de ter um amor.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 28/03/2022
Código do texto: T7483068
Classificação de conteúdo: seguro