Revés da vida

O meu cônjuge é escroto,

Já falei para o fulano;

Que eu durmo no esgoto,

E me desperto em um cano.

Maltrapilho, estou no ranço,

Vivo a me esculachar.

Na penumbra, me avanço,

Viro as costas pro luar.

Na lazeira, me agarro,

Vivo na sofreguidão.

Mato a fome com catarro,

Bebo fel, chupo limão.

Deito fraco, ressupino,

Me agarrando ao furor.

Levo embalde, o desatino,

Desprovido de amor.

Sigo assim, a vida afora,

Esquecido nas ralés.

O reverso corrobora,

Dessa vida, é o revés.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 07/04/2022
Código do texto: T7490057
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.