FESTEJOS, SÃO JOÃO, MENINO
No meu tempo de menino
Junho era São João;
Era o mês mais esperado,
De maior animação,
De fogueira, milho assado,
Do baião, xote e xaxado,
De Gonzaga à Assisão.
Da estrelinha, mijão,
Foguetão, traque e chuveiro;
Da família reunida
Em bancos lá no terreiro;
Da pamonha e canjicada,
Com muito amor preparada,
Durante o dia inteiro.
Do mais simples sanfoneiro
Se apresentar como o tal;
Da latada improvisada
Na frente ou lá no quintal;
Da dama bem dançadeira;
Daquela pinga brejeira
Do engenho especial.
Da costureira informal;
Do vestido feito em chita;
Da maquilagem, da trança
Presa com laço de fita;
Da quadrilha improvisada
Deveras, bem ensaiada,
Amatutada e bonita.
Do animador que grita
Dando viva São João;
Do casal se paquerando;
De uma pegada de mão;
Do beijinho escondido,
Seja roubado ou pedido,
Em meio a festejação.
Era do fumaceirão;
O mês do pula fogueira;
Da aliança no copo;
Da faca na bananeira;
Do adeus ao caritó;
Do deixar de viver só;
Adeus a vida solteira.
De passar a noite inteira
Ouvindo estrondo no ar;
Que mesmo deitando tarde
Logo bem cedo acordar
E levantar de carreira,
Pra refazer a fogueira
E outras espigas assar.
E assim, ao relembrar
Toda esta festejação,
O que me resta é apenas
Tomar por recordação
Nos meus arquivos mentais
Já que não são mais iguais
As festas de São João.
Benildo Nery
Um poeta de Montanhas
06 de junho de 2022