NUNCA É TARDE
Numa certa região
Morava Anabela
Uma moça prendada
Que não saia da janela
Procurava um moço
Pra se casar com ela.
Por ser muito exigente
Só queria um fazendeiro
Que tivesse muito gado
E nadasse em dinheiro
Não queria moço pobre
E nem um cachaceiro.
Pela beleza da moça
Era muito cobiçada
Os moços até sonhavam
Ter como namorada
Mas logo desistiam
Era muito complicada.
O tempo foi passando
Ela ficava desiludida
Precisava ter alguém
Pra ser feliz na vida
E um homem do lado
Pra lhe chamar de querida.
Certo dia resolveu
Na estrada passear
Ao encontrar um moço
Foi logo lhe perguntar
Se era da região
Ou vinha de outro lugar.
O moço disse moça
Eu sou um viajante
E você onde vai
Assim toda elegante?
Ela sorrindo disse:
Vou ali adiante.
Seguiram o caminho
Os dois conversando
Falaram de tantas coisas
Ela foi se animando
Logo se despediram
O moço foi andando.
Quando voltou pra casa
Seu coração palpitava
Será que aquele moço
Por ela se apaixonava
Passava noite e dia
Acordada ela sonhava.
Tempos depois ele apareceu
Na fazenda foi visitar
Foi logo pra ela dizendo
Eu vim para ficar
Se aceitar a minha corte
Com você vou me casar.
Anabela nem quis pensar
Ela estava apaixonada
Pegou na mão do moço
Quero ser sua namorada
De hoje em diante
Aqui é sua morada.
Dias depois foram a igreja
Com o padre queriam falar
Precisavam da sua benção
E poderem se casar
O padre todo feliz
A união foi logo realizar.
Precisava construir família
Pra serem feliz de verdade
Ter filhos correndo na casa
Pensaram na felicidade
Sair numa tarde com eles
Para passear na cidade.
Não poderiam ter mais filhos
Com a idade avançada
Os dois juntos resolveram
Ter mesmo sendo adotada
Não lhe faltaria amor
E seria bem cuidada.
Foram na cidade vizinha
Pararam no endereço
Era um velho orfanato
Juntos com todo apreço
Vou levar hoje um filho
E quero pequeno de berço.
Ao entrar depararam
Três meninas sentadas
Olharam logo pra gente
Todas elas envergonhadas
Os dois se aproximaram
Pareciam deslocada.
Depois de conhecer tudo
Das crianças quis saber
Pediu que explicasse
Pois queria entender
De tanta tristeza
Nos olhos eu pude ver.
A história era triste
Ninguém queria adotar
As três eram apegadas
Não queria se separar
Com lágrimas nos olhos
São ela que vamos levar.
Tudo na fazenda mudou
Mariana, Meire e Maria
Trazia só alegria
Os pais de tanto orgulho
O coração não cabia.
Os dois bem velhinhos
As filhas todas formadas
Uma é professora
E todas bem casadas
Já construíram famílias
E duas médicas conceituadas.
Quem leu conheceu
Toda essa trajetória
De uma moça exigente
No final grande vitória
Nunca deixou de sonhar
E assim termina a história.
Autoria-Irá Rodrigues.