O FEIO E OS FILTROS DA INTERNET

POR JOEL MARINHO

 

Não fiquem bravo comigo

Isso aqui é criação

Daquelas que vão surgindo

Da minha imaginação

Não quero jogar na fuça

E se houver carapuça

Já vou pedindo perdão.

 

Escrever é meu ofício

Dos muitos que aprendi

Mas vamos deixar de papo

Já vou dizer a que vim

Vou falar de um “cabra” feio

Que até brigou com o “espeio”,

Mas ele eu não conheci.

 

Quem falou foi um amigo

Que a ele conheceu

Seu nome era Genivandro,

Porém o seu pai lhe deu

O apelido de Mosquito,

Por ser de fato esquisito

Se alguém mentiu não fui eu.

 

Quando Mosquito nasceu

Ele era feio de fato

Seus pais tomaram um susto

E para ser mais exato

Levaram pra zoonose

Pra tomar a primeira dose

De uma vacina pra rato.

 

Genivandro foi crescendo

E a família se acostumando

Pra toda aquela feiura

Não estavam mais ligando

Quando à escola chegou

A professora se assustou

E os coleguinhas chorando.

 

Apesar disso o Mosquito

Era muito inteligente

Mesmo com tanta feiura

De assustar muita gente

Não ligava pra apelido

Foi sempre bem resolvido

Feliz e bem sorridente.

 

Ao completar quinze anos

Começou a paquerar

E apesar de bacana

Ninguém queria o beijar

E aquele sorrisão

Transformou-se em depressão

Fez Mosquito se “fechar”.

 

Porém com a internet

Ele teve uma ideia

De criar um perfil fake

Para fugir da “plateia”

Aprendeu a usar filtro

Que o fazia bonito

O reizão da “alcateia”.

 

E namorou meio mundo

Sem jamais aparecer

As mulheres o convidavam

Queriam muito lhe ver

Mas ele sempre dizia

Calma, vai chegar o dia

De você me conhecer.

 

E não podemos negar

O bicho era bom de papo

Se travestia de príncipe

Com aquela cara de sapo

Assim ele foi vivendo

Um feio sobrevivendo

Mesmo se sentindo um trapo.

 

Porém um dia Mosquito

De fato, se apaixonou

Por uma linda mulher

Então coragem tomou

De encontrar a princesa

Para um jovem sem beleza

Só lhe restava o amor.

 

Passou a tarde pensando

Tomado por emoção

De vez enquanto batia

Aquela cruel depressão

Mesmo assim tinha esperança

Mesmo com desconfiança

De ganhar a grande benção.

Aquela linda mulher

Como iria reagir?

Ao ver o pobre Mosquito

Será que iria sorrir?

Será que iria aceitar

Com ele iria casar

Ou ia correr dali?

 

Se arrumou, passou perfume

E no florista passou

Com um sorriso no rosto

Comprou a mais bela flor

Correu, pegou o busão

E foi fazendo oração

Para Jesus Salvador.

 

Chegou na sua parada

Ele desceu do busão

Segurando uma plaquinha

E a flor na outra mão

Com o nome da princesa

Que exalava beleza

Pense na decepção.

 

Quando ela desceu do ônibus

Que ele viu a princesa

Era tão igual a ele

Desprovida de beleza

Ela usava o mesmo filtro

Que fazia ele bonito

Bateu neles a tristeza.

 

Mas de repente sorriram

Correram e se abraçaram

É lógico que nunca foi

Bem o que idealizaram

Mas o tal do amor venceu

Quando ele a rosa o deu

A primeira vez beijaram.

 

Foi amor à primeira feiura

E o namoro começaram

Com seis meses namorando

Ele com ela casaram

E falou o meu amigo

Que o maior dos perigos

Foram os filhos que geraram.

 

Pense nuns meninos feios

Além de feios esquisitos,

Porém com os pais aprenderam

A usar uns belos filtros

Nessa tal de internet

Muitos feiosos se metem

Se achando o “mó” bonito.

 

Senhor “deus” da internet

Não quero ser enganado

Comigo é olho no olho

Pois esses filtros danados

Transformam coelho em lebre

Essa praga virou “febre”

E muita gente foi tapeado.

 

Tem cada homem bonito

Parecem uns deuses gregos

É tanta mulher princesa

Que o fôlego perde arrego

Porém se olhar sem filtro

De susto dá grande grito

Mais feios que desemprego.

 

Eu vou ficar por aqui

E nem que a vaca tussa

Namoro na internet

Não quero quebrar a fuça

Espero que meu leitor

Leia essa história de amor,

Mas não use a carapuça.