O amor de Toniquinho e Aparecida

Vou falar deste cidadão

Por apelido Toniquinho Teixeira

Homem bom e de retidão

Por quem ponho a mão na fogueira

Era um moço formoso

Que encantava as garotas da região

Mas só tinha olhos para uma

Que já estava em seu coração

Aparecida era a mulher

Que mexeu com Toniquinho

O homem só falava de sua beleza

Parecia um menininho

Era o amor de sua vida

Conversa vai conversa vem

E sai o pedido de namoro

E o casamento foi rápido heim

Viviam apaixonados

Era amor pra lá

Vejam que lindo

Meu bem pra cá

Tiveram três lindas filhas

Uma por nome Lucia

Outra chamada Selma

E a terceira chamaram de Célia

A memória aqui é curta

Mas me lembro vagamente

Desta linda família

Desde que me conheço por gente

Quando comecei a andar pelas terras

Onde o proprietário era Toniquinho

Eu ainda era bem criança

Ele e seu pai eram meus padrinhos

Corria pelo terreiro a brincar

Desde o dia em que chegava

Era uma alegria enorme

E muito me alegrava

O riacho abaixo da casa

Vez ou outra um peixe era fisgado

No fundo da casa lá perto do curral

Subia no pé de manga o menino danado

Recordo-me da garota Celia

Chamada por todos de Santa

Tirando leite da vaca no curral

Enquanto lá longe o sabiá canta

Eu debruçado na tábuas do curral

Distraído distante a pensar

Sinto meu rosto molhado

Assustado dou um salto para trás a pular

Era a garota Santa

Uma peça a me pegar

Jorrando em mim o leite da vaca

Que das tetas da mesma estava a tirar

Eita tempo bom

Que lá atrás ficou

Pena que não volta mais

Aquilo que o tempo levou.

A vida é por vezes cruel

Toniquinho tão jovem partiu

Deixando aqui suas filhas

Com a saudade do pai que nascer as viu

Muitos anos depois

Foi a vez de Aparecida

Tão querida por todos

Que a conheceram em vida.