Sertão - idas e vidas

E nessas fases de verão eu cantarei

Na doce espera de um novo amanhecer

Escuto o gado e a sanfona reluzente

Vejo a aurora e o clamor daquela gente

Os versos rimam como rima o sabiá

No mês de junho não se esquecem das fogueiras

De prosa boa os compadres já dão conta

Na inocência da criança que apronta

Os dias passam como passa a garoa

Os olhos choram como noiva no altar

Nessa estrada o transporte já passou

Passou nestante com os parentes de vovô

É nas doçuras de outrora que reflito

É nas cantigas de vovó que me inspiro

Na correria dessa vida que não volta

Eu mato a cobra e mostro o pau e toda prova

E lá no céu as estrelinhas brilham tanto

E cada canto vê o canto que lhe agrada

E da janela de Teresa se vê tudo

Sussurra o vento como touro em vaquejada

E na ladeira a garotada vem sem freio

Dona Maria já aprontou o seu café

A flor do cacto hora ou outra desabrocha

Em romaria preparada já vem o povo de fé

Por que que falam do sertão numa tristeza

Se aqui também passa o charmoso arco-íris

Pra essas bandas também chove e relampeia

De mal e bem também somos atingidos

Fui no rio e o cavalo estava lá

Andei- corri e o chinelo não quebrou

As criações conviviam em harmonia

Será meu Deus, será hoje o meu dia?

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 30/06/2022
Código do texto: T7549052
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