A filha da noiva do pistoleiro

No faroeste selvagem

de nativo e forasteiro

aconteceram histórias

de enredo aventureiro

Uma delas é A filha

da noiva do pistoleiro

A nossa trama começa

em cidade do Arizona

que é onde um xerife

por uma linda colona

que procurava seu pai

com furor se apaixona

Nós já sabemos que Fred

com a Jéssica se casou

Foi um caça-recompensas

que depois se aposentou

Mas uma filha tiveram

que a sua mãe puxou

No rancho do pai a moça

trabalhava sem fricote

sabendo usar o machado,

o martelo e o serrote

aprendendo com a mãe

o manejo do chicote

Certa feita num salão

Fred estava entretido

esperando que chegasse

na cidade um bandido

quadrilheiro perigoso

só por ele conhecido

Com ele estava o xerife

esperando o bandoleiro

pra dar ordem de prisão

e levá-lo prisioneiro

só precisando que Fred

apontasse ele primeiro

Ele nem desconfiava

que esperavam em vão

O bandido procurado

já estava na prisão

Mas seriam envolvidos

numa outra situação

De repente ali chegou

em um bonito alazão

a jovem filha de Fred

já de chicote na mão

Amarrou o seu cavalo

e penetrou no salão

Vestida como rancheira

parou olhando os presentes

como quem procura alguém

que está entre os clientes

enfrentando os cobiçosos

olhares concupiscentes

E apesar da sua roupa

ser de rancheira singela

seu traje não escondia

a beleza da donzela

que faria um roseiral

chorar de inveja dela

Avistando o pai na mesa

com ele já foi gritando:

- Papai o que você faz

em mesa de bar jogando?

Já faz tempo que estou

na cidade o procurando!

Surpreso ao ver a filha

chegando de relancina

Fred a ela retrucou:

- Não é você na cantina

que não sabe que aqui

não é lugar de menina?

Mas a jovem a seu pai

não conseguia escutar

uma vez que o pianista

(um artista do lugar)

um piano barulhento

não parava de tocar

A moça pediu silêncio

mas ele não quis parar

Nisso o fio do chicote

deu um estalo no ar

e na perna do piano

começou a se enrolar

Com bastante agilidade

a jovem deu um puxão

e a perna enroscada

se partiu no safanão

fazendo todo o piano

cair e quebrar no chão

Demonstrando embriaguês

nas expressões faciais

um mineiro aproximou-se

e com gestos teatrais

gritou para a menina:

- Mas assim já é demais!

O chicote novamente

com força foi estalando

Na garrafa de vermute

que ele estava segurando

com extrema rapidez

foi o fio se enrolando

Para longe do sujeito

a garrafa foi puxada

e batendo na parede

terminou estilhaçada

Todo povo admirou-se

com aquela chicotada

O mineiro incomodado

com aquela humilhação

tentou sacar a pistola

mas ficou na pretensão

que com outra chicotada

a arma saltou da mão

A jovem disse: - Vocês

não sejam tolos assim!

Se 1 outro engraçadinho

quiser atirar em mim

vai levar as chicotadas

rinchar e comer capim!

Numa mesa 1 jogador

disse a ela: - Querida,

aqui é lugar de jogo,

de mulheres e bebida

e a porta da entrada

é a mesma da saída!

Em resposta ao sujeito

nesse momento se ouviu

um estalo de chicote

que no esticar do fio

o charuto aceso dele

num golpe seco partiu

Com aquilo o jogador

por perder a sensatez

foi sacando a pistola

com notável rapidez

pra fazer a mira nela

mas nem isto ele fez

Antes que ele pudesse

sua pistola apontar

levou outra chicotada

que fez a arma voar

Só a mão do jogador

ficou parada no ar

E como se não bastasse

ela enroscou o chicote

na perna da mesa dele

que só cobra dando bote

puxando com tanta força

que ela deu um pinote

Deixando mesa e piano

pelo chão desmantelados

aquela jovem rancheira

com seus modos arrojados

já testava a paciência

dos clientes enraivados

Foi ali que o xerife

fez a sua intervenção

explicando para a moça

que eles tinham razão:

- Você precisa sair!

Não queremos confusão!

- Só vim buscar o meu pai

que só anda desarmado!

Já terminaram seus dias

de pistoleiro afamado!

Não quero vê-lo voltando

para casa embriagado!

- Eu entendo sua queixa,

mas preciso dele agora!

Então peço que você

fique esperando lá fora!

Com pouco dou permissão

pra vocês irem embora!

Palavras não eram ditas

e a jovem já respondia

com mais uma chicotada

no chapéu que ele vestia

que voando para o alto

no meio se repartia

Com maior velocidade

o xerife disparou

e no cabo do açoite

o seu tiro acertou

Finalmente o chicote

da mão de Daisy vuou

Pegando no braço dela

sem qualquer hesitação

o xerife levou Daisy

para fora do salão

querendo ligeiramente

resolver toda questão

- Reconheço ter você

muito boa intenção

Por zelar pelo seu pai

tem minha admiração

mas o zelo pela ordem

é a minha profissão...

Não querendo fomentar

atritos com a donzela

ou mesmo com o seu pai

o xerife por cautela

foi recolher o chicote

e o devolveu pra ela

Perto da porta apartada

ela sentou-se chorando

De repente vislumbrou

um forasteiro chegando

que apeou do seu cavalo

e foi no salão entrando

O tipo mal-encarado

gritou pra todo salão

com um jeito insolente

que chamou a atenção

avisando ao xerife

em tom de provocação:

- Vim aqui para propor

ao xerife aqui presente

um duelo de pistolas

pois no passado recente

levou pra forca meu pai

que estava inocente!

O xerife se erguendo

disse ao desconhecido:

- Para forca ou prisão

já levei muito bandido!

O juiz é quem decide

como alguém será punido!

- Eu declaro a vocês

que a questão é pessoal!

O juiz foi corrompido

e quero um ponto final

decidindo num duelo

de igual para igual!

O xerife achou melhor

para infundir respeito

aceitar esse duelo

e tirar algum proveito

encerrando a questão

com 1 susto no sujeito

Como aquele xerife

era firme em seu brio

foram eles para rua,

ribalta do desafio,

como já era de praxe

no faroeste bravio

Assim disse o sujeito

com seu ar de cafajeste:

- Você está confiante

que pode passar no teste

mas eu sou o mais veloz

dos gatilhos do oeste...

O xerife deu ao tipo

a resposta merecida:

- Meu brio é suficiente

pra defender minha vida

O receio não me dobra

nem medo me intimida!

Com a gente do salão

inteira testemunhando

em tal silêncio os dois

ficaram se estudando

que daria para ouvir

até mosquito passando

A rancheira misturada

com a gente do salão

depois de ficar ciente

de toda a situação

ficou atenta pra ver

o xerife em ação

A tensão tomava conta

daquele breve momento

Parecendo estatuetas

aspirando ao movimento

só o lenço do xerife

se movia com o vento

O estranho confiante

que no tiro era melhor

não fez caso da torcida

do xerife a seu redor

e não tinha em seu rosto

nem um pingo de suor

Quando sacaram as armas

só um deles disparou

Foi o xerife que o tiro

na mão do outro acertou

Ninguém viu pra onde foi

que a arma dele vuou

Foi então que o xerife

disse ao desconhecido:

- Acertei só a pistola

e você não foi ferido!

Espero que considere

o duelo concluído!

Pensando que o sujeito

tinha aprendido a lição

o xerife confiante

virou-se pra multidão

pedindo que todos eles

voltassem para o salão

Todavia o forasteiro

pela vingança movido

ao notar que o xerife

já estava distraído

foi sacando um punhal

no casaco escondido

E sabendo usar a arma

com espantosa destreza

foi arremessando ela

com ataque de surpresa

para não dar ao xerife

uma chance de defesa

Nisso ouviu-se o estalo

de um golpe magistral

do chicote da rancheira

que acertando o punhal

desfazia em pleno ar

seu movimento fatal

O forasteiro pagou

pela sua ousadia

Por atacar o xerife

com nefanda covardia

pelo mesmo foi levado

para uma enxovia

E com Daisy o xerife

ficou muito agradecido

perguntando para ela

se o queria por marido

que bastante satisfeita

aceitou o seu pedido

O FIM

Carlos Alê
Enviado por Carlos Alê em 20/07/2022
Reeditado em 02/08/2022
Código do texto: T7563784
Classificação de conteúdo: seguro
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