A Z A R Ã O

Já não me basta a saudade

A cada dia uma eternidade

A brisa passa com desdém

Traz perfume da iniquidade

No peito algo me desperta

Qual sonoro grito de alerta

De um sentimento em vão

Em minha vida um rastro

Desafeto e desesperança

Ardil, um cadafalso perfeito

Envolveu-me em seu trejeito

E do nada nem adeus falou

Infeliz, acho que nunca amou

Perdendo-se na caminhada

Talvez outro esteja a enganar

O destino às vezes surpreende

O tiro pode sair pela culatra

E tropeçar n’alguém experiente

Que o tempo traga ensinamento

O amor é o mais puro sentimento

Tesão e paixão são efêmeros

Segue a tua vida

Te digo de coração

Não cometas desatinos

O tempo é senhor da razão

Num momento alguém te cobra

A verdade à mentira nunca se dobra

Na corrida dos meus sonhos fui o azarão