PARAFRASEANDO O POETA ANTÔNIO FRANCISCO

Certa feita um poeta

Saiu pelo mundo afora

Procurando encontrar

A casa que a fome mora

Mas ficou decepcionado

Pois não a viu nas favelas

Tampouco estava nos guetos

Entre os becos e vielas

Nesses locais só havia

Miséria, dor e pobreza

Da fome, só viu o rastro

No pão ausente da mesa

Veio encontrá-la deitada

Numa bela habitação

Muito bem alimentada

Na casa de um sultão

Para o surpreso poeta

A fome falou assim:

Não sou filha da pobreza

Não procure lá por mim

Quando quiser me encontrar

Procure onde há riquezas

Nas casas dos marajás

Nos desperdícios das mesas

Pois eu sou a consequência

De toda a corrupção

Da verba que é desviada

Pro bolso do rico barão

Me alimento da ganância

Do governante ladrão

Que usa terno e gravata

E mora numa mansão