O poeta da roça

Com as mãos calejadas

Passo o tempo todo roçando

Pegado no cabo da inchada

Aquele mato limpado

Sou filho do interior

Matuto por natureza

Que trupica nas palavras

E gagueja muitas vezes

O terraço é meu divertimento

O chão batido é minha riqueza

Carregar água e lenha

Me deixa satisfeito

A lida é pesada

A onde arranco toco e derrubo espinheiro

Onde gente preguiçosa não vai

Nem aguenta o tranco o dia inteiro

Sou marrento e observador

Estudo eu tenho pouco

Mas uma coisa posso dizer

Sou caboclo arrochado todo

Abro a minha mão

Olho o tanto de calo

É o sangue descendo na inchada

E eu trabalhando dobrado

Não tenho frescurinha

Ou cara feia pro trabalho

Ou que eu tenho mesmo

É muita força de vontade

Kleiton Silva
Enviado por Kleiton Silva em 12/09/2022
Código do texto: T7604311
Classificação de conteúdo: seguro