Janela

Debruçada na janela

já quase de noitinha

vi o meu amor Passar.

Me jogou de longe um beijo

e foi tanto o meu desejo,

comecei logo a chorar.

Vivo presa no casebre

qual bichinho judiado.

Não posso sentir a brisa

que corre bem do meu lado.

A janela é o meu cantinho.

É o meu olhar pro mundo.

DE lá assisto assustada

o homem em disparada

levando uma carga pesada

no ombro já quase doente.

Da janela assisto também,

o vôo da passarada,

voando desembestada

buscando notícia de alguém.

Alguém que se foi faz tempo

agarrado nas asas do vento

não sabe notícia mandar.

E da janela eu acompanho

a dor já muito doída

daquela gente sofrida

que a vida lhe bate tanto.

Mas, como um bálsamo bendito,

surgi no céu um aviso,

um alento pra tanta dor.

O vento desmancha uma núvem,

fazendo um enorme desenho

do rosto de Nosso Senhor.

Aninha viola
Enviado por Aninha viola em 04/12/2007
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