ANAHÍ - UMA LENDA PARANAENSE

São várias lendas que existem

No folclore brasileiro

Surgidas em nossas selvas

Por esse Brasil inteiro

Pelos índios cultuadas

Muitas delas inventadas

Mas com fundo verdadeiro.

Outras vindas do estrangeiro

Até se incorporar

Também ao nosso folclore

Com a intenção de ensinar

Aos povos sua religião

Sua crença, tradição

Para sempre continuar.

Vale a pena cultivar

Pra nunca ser esquecida

É a vida após a morte

De uma pessoa querida

Ou de uma comunidade

Pois a lenda é na verdade

A continuação da vida.

Muita coisa refletida

Em uma transformação

Existe Brasil a fora

Sem haver contestação

Um alimento, uma cidade,

Até mesmo uma entidade

Que ainda hoje é tradição.

Tem lenda por região

Tem lenda até por Estados

E por onde eu vou passando

Estou sempre colhendo dados

E a preservá-los me atrevo

Como esta que descrevo

Com os meus versos rimados.

Há muitos anos passados

Uma tribo guarani

Perdeu a paz e o sossego

Com o branco a lhe perseguir

Até ver uma guerreira

Queimada numa fogueira.

O seu nome é Anahi.

Essa nação guarani

Tem uma ramificação

Dentro do Sul do Brasil

Tendo subdivisão

Na Bolívia, Paraguai,

Argentina, Uruguai

Em extensa região.

Muita ramificação

Na cultura, no pensar

Espalhando seus domínios

No Estado do Paraná

Onde a miscigenação

Causa modificação

Até no modo de falar.

Ladeando o Rio Paraná

Onde fica situado

O reduto desse povo

Nesse trabalho estudado

Vivendo em harmonia

Com um cacique que geria

Por todos muito estimado.

Era um local sossegado

No seio da Natureza

Nada ali acontecia

Que lhes causasse estranheza

E entre sua família

O pagé tinha uma filha

De extrema e rara beleza

Tinha porte de princesa

Ao seu povo cativava

O seu nome era Anahí

Tinha uma voz que encantava

Cantando uma melodia

Espalhava harmonia

No lugar onde passava.

Sossego ali imperava

Até que um certo dia

Aquela paz foi quebrada

Pela grande tirania

Do espanhol invasor

Que espalhou o terror

Aos índios que ali havia.

O cacique resistia

Expulsando o invasor

Outras tribos aliadas

Acudiam em seu favor

Mas eram insuficientes

Devido as armas potentes

Do contingente opressor.

O confronto se formou

Num combate desigual

Índios armados de flechas

Espanhol com um arsenal

Tendo como resultado

O cacique assassinado

Caído no matagal,

Para Anahí, afinal,

Foi esse o maior castigo

Vendo o pai assassinado

Pelas armas do inimigo

Jurou vingança ao tirano

Pois já tinha até um plano

Arquitetado consigo.

O acampamento inimigo

Armado na redondeza

A índia adentrou por ele

Usando o fator surpresa

Feriu o chefe de morte

Mas na fuga foi sem sorte

E acabou sendo presa.

Estava Anahí sem defesa

Tendo sido prisioneira

Por ter honrado o seu pai

Honrou sua tribo inteira

Nada podendo fazer

Foi condenada a morrer

Queimada numa fogueira.

Chorou sua tribo inteira

Vendo o fim do seu mister

Mas no poste do suplício

Com seu porte de mulher

Enquanto o fogo a queimava

Ela dolente cantava

Sem um gemido sequer.

Cantava com seu mister

A canção da despedida

Aquela voz melancólica

Deixava a mata sentida

E para espanto geral

Uma haste monumental

Das cinzas fora surgida.

Como árvore ressequida

Surgia o monumento

Enormes galhos cresciam

Se balançando no vento

Na presença dos soldados

Que fugiram apavorados

Deixando o acampamento.

Naquele mesmo momento

Nenhuma folha se via

Mas grandes flores vermelhas

Em todo galho surgia

Era o sangue de Anahí

Pedindo justiça alí

Enquanto o branco corria.

A partir daquele dia

A árvore Corticeira

Surgida naquelas cinzas

Adorna aquela ribeira

De folhas como centelhas

Com grandes flores vermelhas

E cinza sua madeira.

Essa árvore corticeira

Há quem chame de Anahí

Com sua flor escarlate

Vermelha como o rubi

Tem doçura e tem punjança

Tem textura e semelhança

Com a flor do aguaí.

Seu habitá natural

Bem na tríplice fronteira

O Brasil, o Uruguai

Argentina é a terceira

Nação que também cultiva

Essa flor de cor ativa

Incrustrada na madeira.

Essa árvore corticeira

Há quem chame de Anahí

Com sua flor escarlate

Vermelha como o rubi

Tem doçura e tem punjança

Tem textura e semelhança

Com a flor do aguaí.

A lenda de Anahí

Em modinhas foi cantada

Por toda América do Sul

E por mim foi versejada;

Pra sua preservação

Deixo minha narração

Ao Paraná dedicada.

Linhares-ES, 19/07/2015

SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 31

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 20/11/2022
Código do texto: T7654462
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