Linguajar popular entre cumpadres.

Meu cumpadre Zé sem medo,

Vou te contar um acaso,

Fui visitar canela seca,

Que se estribuchou de riba do carro de boi,

Bateu a quexada no cascalho e perdeu dois mordedor,

Uma coisa assombrosa,

Chegando lá,

Fui logo anunciando;

Cumpadre cabela seca,

Sou eu, nariz de fuzil, vim visita

vossa pessoa, saber cuma está vosmisse, se tá

tudo bom, mais ou menos ou ruim.

No caminho, passei na casa de lingua de fogo

aquele cabra que gosta de tomar umas birita,

Que depois de encher o cara, os chifres começam a ficar vermeio, sai até fumaça, muita gente ja espiou saindo fumaça, lá no buteco buraco sem volta, de Xico torto, ele mandou saber se o cumpadre pensa em vender aquela vaca da oreia mucha, que já teve duas cria; se tiver, para falar quantos conto de réis vosmisse tá pedindo?

Conforme conversa dele, ele quer comprar duas vaca ou novilha, ele disse que já tá conversando com Zequinha meia-hora, e tá quase acertado a compra da novilha Melindrosa.

Canela seca respondeu,

Apois bem, diga a Lingua de fogo que eu me estribuchei de riba do carro de boi, e tou com a quexada dolorida, perdi dois mordedo, e preciso tomar uns remédio, colocar uma chapa, e toma umas injeção no fiófo, prá apoder miora; diga a ele que vendo sim, fale pra ele vim aqui no meu barraco, prá nois conversa.

Aproveite a sua viage de vorta e passe na roça de Zé mata urubu, e entregue essa encomenda a ele (um aio novo) que dona Maria coturno fez pra ele.

Aproveite cumpadre e leve uns moio de cuento, um cacho de banana e uma trança de cebola.

Inté mais vê.