CORDEL - Mote - Nem semepre fui mais feliz - Quando busquei ter razão - Parceria com o poeta Edmilton Torres (PRL)

 

CORDEL – Mote – Nem sempre fui mais feliz – Quando busquei ter razão – 13.02.2023 - em parceria com Edmilton Torres (PRL)

 

Esquema de rimas ABABCDCD

Oitavas de sete sílabas poéticas

 

Mote de Edmilton Torres para cordel em parceria com o poeta Antônio Gusmão.

 

Edmilton Torres, das terras de Pesqueira, assim se expressou:

 

 *Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão* 

 

(01)

Do tempo da juventude

Meu passado me condena

Carrego uma inquietude

Pois ainda pago a pena

Viver com essa cicatriz

É a minha punição 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

(02)

Presunçoso e atrevido 

Queria protagonismo 

Nem um pouco comedido 

Usava o egocentrismo 

Como uma força-motriz 

Pra ganhar a discussão 

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão 

(03)

Eu era muito arrogante 

Desprovido de humildade 

Um sujeito petulante 

E sem sensibilidade 

Sempre empinava o nariz

Impondo a minha visão 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

(04)

Enquanto o meu oponente 

Não se desse por vencido 

Eu era mais eloquente 

Pra deixá-lo constrangido 

Postura que não condiz

Com a boa educação 

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão 

(05)

Sempre firme em minhas crenças 

Me achava o professor 

Promovendo desavenças 

Com meu interlocutor 

O meu ego eu satisfiz

Mas rompi a relação 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

(06)

Ao impor meus argumentos 

Perdi amor e respeito 

Feri muitos sentimentos 

E arranhei meu conceito 

Depois me senti juiz

Da própria condenação 

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão 

(07)

Eu magoei muita gente

Desprezando seu valor

Era muito prepotente 

Por me achar superior 

Depois vendo o mal que fiz

Veio a dor e a frustração 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

(08)

A idade me ensinou

A ser menos orgulhoso 

E por isso eu já não sou

Um sujeito vaidoso

Eu me tornei aprendiz 

Das coisas do coração 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

(09)

Hoje em dia quando eu vejo

Alguém com a mesma postura 

Eu sinto enorme desejo

De lhe tratar com censura 

Mas meu passado me diz

Que não posso dar sermão 

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão 

(10)

Deixo aqui o meu recado

A quem possa interessar 

Evite que esse pecado

Possa lhe acompanhar 

Pois viverá infeliz

E, talvez, na solidão 

Nem sempre fui mais feliz 

Quando busquei ter razão 

 

Edmilton Torres

 

Ansilgus propôs a seguinte cadeia de versos:

 

(01)

Nasci em berço de pobre

Numa rua do Recife

O meu pai não tinha cobre

Assim também sem cacife

Os meus irmãos varonis

Covardes não foram não

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(02)

Tinha jeito de galego

De cabelo fino e louro

Me disseram que era grego

Mas na verdade era douro

Estudar foi o que fiz

Tinha pinta de cobrão                              

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(03)

Antigamente era assim

A mentira era verdade

Claro que muito ruim

Pois causava tempestade

Em quatro anos perfiz

O meu ginásio padrão

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(04)

Sou marceneiro formado

Numa escola industrial

E conheço do riscado

Isso foi o principal

Mas o curso não condiz

Com a minha condição

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(05)

Mas ganhei pouco dinheiro

Exercendo o meu ofício

Podia ser cervejeiro

Ou cair no precipício

Ao conhecer um Juiz

Deu-me logo a sugestão

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(06)

Entrei no tal científico

Difícil que só cacete

E quase que fico tísico

Estudar era o macete

Quando o jovem se bendiz

Sem vigor no coração

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(07)

Não cheguei a terminar

Esse curso até o fim

Pois resolvi cancelar

De olho grande no Pasquim

Não era tudo o que quis

Falo isso de emoção

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(08)

Fui fazer um tal concurso

Num banco bem afamado

Este aqui o meu discurso

Então fui classificado

Do que era mau me desfiz

Juntei tudo em caminhão

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(09)

Pois então segui carreira

Pelo pobre do Nordeste

Confesso não fiz asneira

Como bom cabra da peste

Em dez cidades perfiz

Não conheci Lampião

Nem sempre fui mais feliz

Quando busquei ter razão

(10)

Aqui vai só uma parte

Não cabe toda essa história

Só sei que finquei minha arte

Isso em bancário de glória

Louco de amor, por um triz

Ganhei a grande paixão

Uma amizade que fiz

Sempre busquei ter razão

 

SilvaGusmão

ansilgus, Parceria com o poeta Edmilton Torres e das terras de Pesqueira (PE)
Enviado por ansilgus em 16/02/2023
Código do texto: T7720498
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