O casal de Paris

Pelas ruas de Paris

No ano de mil setecentos e seis

Um jovem casal caminha apaixonado

De mãos dadas perto das dezesseis

Com os sorrisos no rosto

Vivem encanto do amor

Ele filho de um pianista

Ela filha de um poderoso senador

Planejam o futuro a dois

Filhos e filhas pela casa a correr

E serem felizes todos juntos

Seja na alegria ou no sofrer

Ela estudante de medicina

Ele um músico flautista

Seu desejo viajar o mundo

Ser um famoso artista

Seu pai recebe um convite

Daqueles que não se pode recusar

Preparem as malas disse o pai

Pois vamos amanhã viajar

Ele com o coração apertado

Sem acreditar no que acabara de ouvir

Corre ao encontro de sua amada

E de longe a encontra a sorrir

Meia dúzia de palavras

Uma lágrima ao chão cair

Minha doce e querida amada

Com meu pai tenho que partir

Disse ele com os olhos vermelhos

Abraçados a se consolar

Pois o choro não puderam evitar

Enquanto os pássaros no céu a voar

Ele disse a sua amada

Me espere pois hei de voltar

E te levarei comigo pelo mundo

Como aqueles pássaros no céu a voar

Se despediram em lágrimas

Os dedos foram se distanciando

Enquanto no peito ardia

O coração de ambos acelerando

Às sete horas da manhã seguinte

A carruagem já estava na porta preparada

Com os pertences da família

Em poucos segundos já estavam na estrada

Os olhos daquele jovem entristecido

Deixava as lágrimas cair ao chão

Enquanto seu pai lhe dizia

Seja homem e não chore rapagão

Numa ponte antes do rio

Pararam para descansar

O rapaz sentou debaixo de uma árvore

E sua flauta começou a focar

Uma canção nunca escutada

Enquanto pelos ares o som voava

E lá bem distante sua amada

Até parecia que o som escutava

A viagem seguiu até seu destino

Cinco anos se passaram

E a moca bela por quem ele se encantou

Seus pais a se casar lhe forçaram

O moço era também de família rica

Ali mesmo da cidade de Paris

A moça todas as noites olhava pela janela

Pois vivia uma vida infeliz

Esperava que um dia surgisse

Lá no banco da mesma praça

O jovem por quem fora apaixonada

E que seus olhos encontrou graça

Enquanto o rapaz lá distante

Não encontrou em outro olhar

A doçura de sua amada

A quem prometera voltar

Entrou numa companhia de música

E se destacou por muito bem tocar

Sua bela companheira flauta

Que lhe fazia de sua amada lembrar

Com a avançada idade

Seu pai o piano já não mais tocava

Aos poucos foi perdendo o fôlego de vida

E da cama não mais levantava

Numa manhã fria da cidade distante

A nevoa as ruas cobria

Seu pai já fraco algo lhe sussurrou

Um cobertor lhe colocou pois frio fazia

Muito atencioso ao pai

Ele se dirige ao fogão

E ascende fogo para um café preparar

Lhe prepara um pedaço de pão

E volta ao pai para lhe servir

Quando percebe que o pai partiu

Uma lágrima lhe cai dos olhos

Pois perdeu quem nascer lhe viu

O rapaz prepara o funeral do pai

Toca sua flauta para se despedir

Do herói que lhe ensinou a tocar

E antes do cemitério sair

Lembrou dos sussurro do pai

"É hora de pegar a estrada

Pois lá longe alguém lhe espera

Ansiosa na janela debruçada"

O rapaz pega sua bolsa

Poucos pertences a carregar

Sobe na cela do cavalo

E se põem pelo caminho a galopar

Volta pelo caminho que percorreu

Na manhã que deixou sua paixão

Na bela cidade de Paris

O cavalo a trotar lhe apertava o coração

Enquanto lá em Paris

A bela moça não imaginava

Que para casa seu amado

Nas costas de um cavalo voltava

Todas as noites ela repetia

O mesmo olhar pela janela

Seu marido não entendia

O que se passava com ela

Naquele dia pegou sua mala para sair

Se despediu de sua esposa querida

Pós era também um médico

E sua missão salvar vida

Saiu pela estrada com sua charrete

Lá pelo meio da estrada

Fora roubado por salteadores

Que lhe deram uma facada

Deixado para morrer

Pelo jovem rapaz fora encontrado

Que não sabia de quem se tratava

Lhe deu a atenção e cuidado

O homem percebendo que morreria

Lhe disse aos ouvidos baixinho

Diga a minha amada esposa

Que a amo mas preciso seguir o caminho

É hora de partir sozinho

Sei fodas as noites pela janela a olhar

Ela vive a esperar por alguém

Hoje ela estará livre para lhe encontrar

Dizendo tais palavras

O homem sucumbiu

Fechou os olhos naquele momento

E ali mesmo para sempre dormiu

O rapaz então partiu

Foi para a cidade de Paris

Chegando na cidade

Foi ao encontro do mesmo lugar onde fora feliz

O morto para a cidade então

Por um jovem fora levado

Pois avisado pelo viajante foi

Sobre um corpo pelo caminho encontrado

Já era quase noite a tarde se findava

Da janela a moça olhou

E um estranho no mesmo banco

Seu olhar atento encontrou

Os jeitos do cidadão pareciam ser

Mas ela não tinha certeza

Então buscou olhar melhor

E obviamente ter mais clareza

Quando se deu conta

De que era seu amado

Desceu as escadas do seu prédio

Na pressa com o coração acelerado

Correu até a praça

Enquanto ela para lá se dirigia

O rapaz para outro lado da cidade

Caminhando devagar partia

Ela com o olhar atento

Pelo meio da multidão o buscava

Era o amado que lhe prometera voltar

Pois quando partiu dizia que a amava

De longe ela novamente o encontrou

Atravessando pela rua principal

Bolsa nas mãos, outra pequena pendurada

Parecia ser seu instrumento musical

Gritou por seu nome

Quando ele para trás olhou

Atentamente a procurar

Pois daquela voz se lembrou

Ambos se viram e correram

Abraçaram um ao outro felizes por se encontrar

Não se beijaram pois ela se afastou

Preciso algo lhe contar

Meu pai me forçou a me casar

Meu marido pela manhã saiu

Deve estar prestes a chegar

O rapaz então triste ao chão caiu

Lágrimas escorreram pela face

E sentado no banco da praça a se olhar

As histórias um ao outro contou

No peito o desejo de abraçar

Aos poucos noite entrando

A moça para casa voltou

O rapaz um hotel se dirigiu

E lá então pousou

Na manhã seguinte

Pela última vez foi na praça olhar

Mais uma vez antes de partir

Pois não queria atrapalhar

Sua amada novamente o viu

Desta vez da janela o gritou

Ele a esperou antes de sair

Então ela dele se aproximou

Lhe contou sobre seu esposo

Disse que ele não havia voltado

Nunca antes havia ficado fora de casa

Então lembrou-se da janela o jovem amado

Do moço que pelo caminho havia encontrado

Perguntou como era o esposo de sua amada

Ela então lhe deu os detalhes

Então ao ouvir lhe contou da estrada

Ela triste lhe disse

Preciso então encontrar

O corpo do meu esposo

E um enterro digno lhe dar

Passados os dias após o enterro

Os dois voltaram a se encontrar

Se casaram e viveram felizes

E nunca mais vieram a se separar.

Robnho Da Madeira
Enviado por Robnho Da Madeira em 20/02/2023
Reeditado em 20/02/2023
Código do texto: T7724084
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