RECANTO DOS OPRIMIDOS, TRISTEZA DOS DESVALIDOS

Companheiros do Cordel

Queremos apresentar

O que temos pra dizer

Em instantes vão falar

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Novos fatos pra contar.

Contaram simples história

Que narra sobre poder

O poder da força bruta

Que faz a gente sofrer

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

O verbo pode viver.

Vivem sempre do que são

O que nosso povo conta

Romance é um enredo

Dessa personagem tonta

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Mas que sempre se remonta.

Confirmar pra produzir

Qualquer tema Brasileiro

Puxar no computador

Maldições dum forasteiro

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Falso sonho sem parceiro.

Na verdade do falar

O que temos de direito

Nos deixe com essa vida

Volte sempre pro seu leito

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Pois tudo será refeito.

Refazendo toda vida

Sem nem pensar em bondade

Uns ganham com o suor

Outros pela falsidade

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Mesmo não tendo cidade.

Cidadã vive do tempo

Seja só de gratidão

No futuro sem passado

Nas rimas desse bordão

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Gemendo na solidão.

Quem lhe dera solitário

Bem longe fazer loucura

Trazendo comprida vida

Tanta gente sem postura

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Deixam tudo sem fartura.

Estranho desejo farto

Nos belos jardins floridos

Casamentos fracassados

Nos revés dos enxeridos

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

No ventre dos envolvidos.

Nós todos nos envolvemos

Queimamos sem ter enterro

Onde for querem sossego

Nem gemido de bezerro

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Sepultada sem aterro.

Aterrados nessa vida

Nos deixaram sem ter meta

Lançamentos tão confusos

Vai matando qualquer seta

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Seguindo mal linha reta.

As luzes retas piscando

Da casa número trinta

Cadeiras balançarão

E sofás não darão pinta

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

São pincéis fora da tinta.

Sofrem tanto das tinturas

No porão querem ficar

Pulam sem fazer zoada

Andam sem querer andar

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Nem pensam se confrontar.

Tantos vícios confrontados

Ficam fora desse sonho

De ver melhor esse tempo

Dentro tudo é bisonho

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Sem querer ficar tristonho.

Dispostos em ter bondade

Homens viram arrogantes

As mulheres são mais sábias

Dispensam os seus amantes

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Subindo rodas gigantes.

Gigantescos opressores

Aquele que não sufoca

O tempo declara guerra

Adultos brincam de toca

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Escondidos numa loca.

Nas locas da mocidade

Uns vão se perder sorrindo

As mulheres querem paz

E tantos só resistindo

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

E se fica vai pedindo.

Pede tudo que não ver

E quando ver nunca sabe

O tempo é para poucos

E no bolso nunca cabe

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Sendo bom que não desabe.

A maldade não desaba

É perversa, é canalha

Que só sopra pelos olhos

Por ver dentro tanta falha

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

São telhados sem ter calha.

Nessas calhas sem matriz

Deste querer exprimir

O tema que se discute

Ele logo vai falir

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

O que fazer permitir.

As permissões são pautadas

No verbo multiplicar

Falar em amor paixão

Podemos se complicar

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Pra você querer ficar.

O levante desse povo

Que tanta boca contou

Até hoje foge tudo

Gente fraca se zombou

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Na soma de quem amou.

Nunca vão querer amar

Porque te chamam de besta

Outros bem mais atrevidos

Lhe botavam numa cesta

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Briga num dia de sexta.

Numa Sexta-Feira Santa

Haja festa sem valor

Mascarados fazem mal

No templo sem ser pastor

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Feito roda de trator.

Tratores sem motorista

Dirigindo vis serpentes

Percebendo ser distintos

Fingiam ser mais contentes

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Se fingindo pros dementes.

A demência dos humanos

Causa tanto sofrimento

Seduzir bonita moça

Dentro daquele convento

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Na cidade do tormento.

Lugarejo das tormentas

Tal qual vasto cemitério

Nos causou tanto terror

Como faz ter adultério

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Neste lugar de mistério.

Donzelas misteriosas

Retiravam corações

Atiravam pros pardais

Que paravam as canções

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Em nome das devoções.

Gente bem mais que devota

Vivia só dos perigos

O dia passava logo

Soturnamente castigos

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Ficavam em seus abrigos.

Abrigado desprovido

No dedo tem cem anéis

Que brilhavam como luzes

Pisca-Pisca de bordéis

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Guardando todos cordéis.

São folhetos publicados

Cada leitor que comprava

Guardava nos seus baús

O público perguntava

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Porém, só guerra contava.

Contamos pra terminar

Com dores no coração

Pensando no que fizemos

Eis a nossa condição

Recanto dos oprimidos

Tristeza dos desvalidos

Pausadas nessa lição.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 26/02/2023
Reeditado em 26/02/2023
Código do texto: T7728134
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