SABIÁ

Eles são marteres

Da morte em vida

Pela dor parida

Pelo sangue derramado

Da mãe África sofrida

Em eu tão dolorida.

A sorte a morte

Representada nós mais

Vindas de toda as partes

Mostrando o vento

Aquebantado no açoite

Da viola ilustrada.

O renascer das almas

Em chama de velas

Derretidas em sebos

Não clariava as senzalas

Por aqui dormidas

Em véus de seda rasgados.

Todos eram marteres

Pelo grito angustiante

Do pecado alado

Nas cantigas poetas

Trazidas pelos chicotes

Da mão brava em vidro.

Ó bantu, retardados de rugentas

Sois vós Mina, Quilos e Monjolos

Entre rios, mares sangrentos

Feitos de sonatas ao luar

Com Angola, Benguela e Rebolo

Pelo mesmo rosto do Congo.

Escutam o assovio dos quilombos

Fugidos das terras desse pueril

De samba pandeiro e viola

Jasmim, rosa cálida e dália

Nos campos, os vissingos

O cantar do roxinol em verde mar.

Alê pire cá zelo ei

Talvez dos quintais, varais

Da Angola e samba de roda

Num bravo cantarolar

Em iorubá, gegi e violinos

Rebelando-se dos cantares.

Ó nacio, espumas de prata

Brilho da ressaca em terra

O alado grito de agradecimento

Pela dor sofrida até o sol se por

Numa alegria sigela de amor

Onde o Orfeu Negro voou...

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 11/03/2023
Reeditado em 14/03/2023
Código do texto: T7737803
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