Camila e Marco num sonho moderno (A bela Adormecida)

Num lugar muito distante,

Chamado Vila Quintém,

Havia um casal bem jovem

Que vivia muito bem.

Eram dois apaixonados

Viviam sempre abraçados,

Mas uma coisa é verdade,

Felizes pela metade

Por não terem um neném!

A esposa dedicada

Costurava para o marido.

Fazia belas camisas

E casacos bem cerzidos.

E com retalhos de sobras

Fazia algo escondido!

O esposo, marceneiro,

Com madeira habilidoso,

Fazia móveis tão lindos,

Era muito caprichoso.

Em suas obras diárias

Tinha um segredo ardiloso.

Quando juntos passeavam

Olhando a natureza

Levavam aos passarinhos

As pipocas aos pacotes

Chamando atenção dos pais

Para trazerem os filhotes!

Sonhando ter uma criança

Os dois passavam a vida

Com uma enorme esperança

Da vontade ser cumprida,

Esse seria um presente

Que deixaria sorridente

Esta família querida!

Um dia, meio chorosa,

A esposa acordou,

Numa manhã bem chuvosa

E o esposo contou,

Que sonhara com uma mina,

De água bem cristalina,

Donde uma filha brotou!

O marido, com piedade

Da sua esposa querida,

Olhou ao céu firmemente

E gritou com voz tremida:

“ Dê uma criança pra gente,

Seja de nós complacente,

É o que queremos na vida! ”

As nuvens neste momento

Começaram a correr.

Escureceu todo o céu,

A terra pôs-se a tremer

E como uma flor do campo,

Viram sua filha nascer!

Naquele exato momento

O tempo se reverteu.

E pra receber a menina

Foi tanta flor que nasceu

Colorindo toda a Vila,

A se chamar Camila,

Nome que a mãe escolheu!

O pai não cabia em si

De tanta felicidade,

Deu à filha os presentes

Que sempre escondeu, na verdade,

E a mãe já tinha roupas

Que davam para eternidade!

Tamanha foi a alegria

Que deram uma enorme festa,

Convidando todo o povo

Da Vila, da cidade e da floresta.

Deixando apenas de lado...

...A bruxa de verruga na testa!!!

A festa estava animada,

Havia doces e salgados,

Todos que vinham chegando

Os diziam abençoados,

Porém num pé de trovão,

Ficaram muito assustados!

Advinha quem chegou?

Era a bruxa furiosa,

Toda vestida de preto,

Descabelada, horrorosa!

Às gargalhadas fatais,

Assustou os animais

E acabou com a festa...

No lugar de dar presente,

Como todo mundo fez,

A bruxa, como serpente,

De seu veneno desfez,

Disse em alto e mau tom:

“ Você não sabe o que fez! “

Pai, mãe e filha se abraçaram,

O medo predominava,

Pra tentar livrar a filha,

O pai perguntou a bruxa

Se ela negociava...

Recusando qualquer assunto

A malvada não deu prosa,

Dizendo: - “ Como um defunto,

Trazendo na mão uma rosa,

Pra acabar com sua alegria,

Ao completar quinze anos, noite e dia

Dormirá sua filha preciosa. “

O pai debruçou-se em prantos,

Com a mãe não foi diferente.

Pelos breves anos,

Viveram com isso na mente.

Vendo crescer sua querida

Tão linda flor reluzente.

Mas o tempo não perdoa

E não para de correr,

Trouxe o dia da menina

Seus 15 anos fazer

E o maior medo dos pais

Era verem-na adormecer!

No dia da festa, então,

Felizes e preocupados,

Receberam uma visita

Em vigor do inesperado,

Uma fada linda e meiga

Lá do bosque roseirado.

- Fiquei sabendo de tudo

O que a bruxa aprontou,

Do feitiço tão terrível

Que em sua doce filha rogou.

Não inverte-lo inteiro

Posso tentar abrandar

Um beijo de amor verdadeiro

Vai sua garota despertar!

Entrelinhas colorida

Fizeram brilhar o mundo.

Todos caíram dormindo

Naquele sono profundo

E a natureza da Vila

Deitou para abraçar Camila

Em menos de um segundo.

Cem anos, assim se passaram,

Como a bruxa profetizou.

Muitos foram os que tentaram,

Porém por tudo falhou,

Teve até quem deu a vida,

Mas a menina adormecida,

Por nada se acordou!

depois de todo este tempo,

Um moço muito valente,

Conhecido na região

Por ter coragem persistente,

Contou que era apaixonado

Pela mocinha dormente.

Avisou sua família

Que daria o tal beijo,

Pois casar-se com Camila

Sempre foi o seu desejo.

E partiu pra sua missão,

Com amor no coração

Seguido por longo cortejo.

O dia estava lindo

As flores resolveram desabrochar,

Pássaros, como que sorrindo,

No céu, juntos a gorjear,

Numa constante alegria

Vindo ao ao fato coroar.

O caminho estava fácil

Como em nenhum outro momento

O rapaz, Marco seu nome,

Desbravava sempre atento,

Até chegar a Camila

Dormindo em seu aposento!

Arrumou-se, antes de tudo

Para a moça então beijar.

Ficou deslumbrado e mudo

Ao vê-la tão bela sem par.

E debruçou-se ofegante

Deu-se assim o instante

Da bela moça despertar!

Emocionada com o moço,

Que arriscou sua vida,

Camila apaixonou-se

De um amor sem medida.

Aceitou o casamento

Com aquele moço empenhado,

Que lhe teve tão querida.

Com o despertar da filha,

Despertaram também os pais,

Correndo a trocar os trajes

Os quais não se usava mais,

Já que se foi tanto tempo

Já não eram mais iguais.

Deu-se a mais bela festa

No casamento dos dois.

Todos em plena alegria

Viravam noites e dias

Comendo e mostrando a voz!

A bruxa, já muito velha,

De tudo nem quis saber,

Pois só dormia agora

Nada além disso fazia

Nem conseguia fazer.

Os pais da linda menina

Viveram felicidade

Assim como o novo casal

Que era só amor e amizade

E o sonho de Camila

Pra combinar com o de Marco

Era fazer faculdade!