SEU GERÚNDIO

Nesse Cordel do Gerúndio

Vou logo comunicando

Que nossa Linguagem Pátria

Vive me sacrificando

Estou lendo tanto livro

E páginas vou marcando

Nestas noites de dormir

E nenhum sono sentindo

Aliviando meu nó

Que começa se vestindo

Indo fundo no Cordel

Haja sorte permitindo

Escrever tudo que penso

Seguindo vou debatendo

Fazendo dessa cabeça

Um frasear rebatendo

Gerúndio é um sujeito

Que já vem me prometendo

De promessa vou na paz

Se parto já vou chegando

Gerúndio vive cansado

Às vezes catalogando

Com seu sorriso de mestre

Seus olhos vão me xingando

É brincadeira dos verbos

Na fala contradizendo

As redações que debato

Outros vivem refazendo

Gerúndio só quer me ver

Alguma coisa fazendo

Para ver se conseguimos

Nesse lar ir produzindo

Sugando cada palavra

Sem ficar reproduzindo

As frases que não botei

Vão de fato conduzindo

Gerúndio já bem crescido

Diz está me protegendo

E que me quer do seu lado

E depois, me constrangendo

Fico querendo bem mais

Porém, ficam me regendo

Me percebem sem ter jeito

E já vou me preparando

Pego meu dicionário

E fico monitorando

As razões que tem Gerúndio

Me deixa regenerando

Com as palavras rimadas

Fico me redefinindo

Correndo pra todo lado

Bem ligeiro, vou tinindo

Resolver situações

Não vou me desprevenindo.

No meu caderno de temas

Fiquei logo padecendo

Com todas coisas que tenho

Tantas delas perecendo

Não temos jeito, Gerúndio

O seu verbo vai crescendo

Para que todos saibam

Alguns que ficam cobrando

Não tenho nada provar

E depressa vou quebrando

Tudo que nunca fizemos

Queremos ir celebrando

Por este mundo cruel

Que vive retrocedendo

Puxando lágrimas tristes

Poucos ganham se perdendo

Sendo de posturas neutras

Tantos virão se rendendo

As listas deste Cordel

Nunca chegaram mentindo

Fazem como fez Gerúndio

Dizem que vão se partindo

Porque sonhos não são fáceis

São fagulhas refletindo

Os regulamentos fartos

Estão sempre regulando

As estrofes estudadas

Vão fortes manipulando

Os verbos de cada lema

Vivem se perambulando

É tão bom ficar calado

Os motes fico colhendo

Pra todos cantos da sala

Gerúndio ver escolhendo

As coisas do seu passado

Que vivem se recolhendo

É porque nossa linguagem

Do fruto que já vai saindo

Das bocas que só falam

Ambas calaram, esvaindo

Dessas mediocridades

Que vão permanecer caindo

Porque falar é tão fácil

Nesse bom tempo nevando

É que prender sem algemas

A cova vai se cavando

Linhas tortas do poema

As rimas vão renovando

Nesses prazeres da vida

Ficam somente tremendo

Não posso nada dizer

Quando não, faço remendo

Dos fatos cotidiano

Todos eles recomendo

E na boca com os versos

Todas letras estão vindo

Meu Cordel não quer saber

Pelejando, sobrevindo

Nessas rodas de sambistas

Podemos ficar ouvindo

Nós pensamos que Gerúndio

Está se sobrevivendo

E nós aqui só queremos

Permanecer convivendo

Com todos estes sentidos

O tempo vai dissolvendo

Cada pulo de tristeza

Gerúndio vive formando

Um senhor obediente

É sucesso de comando

Sopra tudo nas narinas

O poeta vai remando

Essas mensagens não lidas

Todas se sentem subindo

É a contaminação

Que vão se desinibindo

Pego todas com as mãos

Elas vivem inibindo

É por isto que Gerúndio

Se contenta percebendo

E nós aqui só queremos

Com todos ir recebendo

Amplitude dos sentidos

Queremos ir concebendo

Nesses traços de Gerúndio

Nunca ficarei raspando

Como sou bom pagador

Meu cofrinho vou capando

Num computador qualquer

Se brincar eu vou ripando

Essas mensagens não lidas

Diversas estão fugindo

Correndo pra todo lado

Constantemente rugindo

Pego todas com as mãos

Que lamentam se fingindo

As imagens dessa vida

Eu já vou verificando

Na certa ficaram rastros

Que talvez ficam piscando

Gerúndio não quer falar

Fiquei só lhe beliscando

O valor das escrituras

Todas juntas colorindo

Tantos recitais poéticos

Que sempre vivem sorrindo

O Cordel de Seu Gerúndio

Vai fácil interferindo

A pautar nossos arquivos

Tantos deles me furtando

Sei tudo que fiz valer

E nisto vou me fritando

Corro para todo lado

E novas sílabas vou soltando

O que Gerúndio me disse

Meu coração reabrindo

Nessas pastas da gramática

Foram logo descobrindo

Nesses estudos verbais

Tantos deles recobrindo

Nesses prazeres da vida

Quero ficar pesquisando

Não podemos nem dizer

Pelo menos vou visando

Fatos do cotidiano

Nós todos vamos glosando

O Ser da Literatura

Todas juntas explodindo

Tantos recitais poéticos

Que sempre vivem iludindo

Esse Cordel de Gerúndio

Vai logo se colidindo

E nesse reflexo vou

No geral finalizando

O Cordel do Seu Gerúndio

Na frase vou deslizando

E quem discordará disso

São sementes enraizando.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 31/03/2023
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