ENGENHO DO SEU SORRAPA (Moagem de Cana)

No engenho de Seu Sorrapa,

Zé Tostão foi comprar mel,

Lá bebeu tanta garapa

Que folha virou papel,

Até folha de banana sapa

Teve um destino cruel.

Seu Sorrapa passa o dia

Raspando cana caiana

Enquanto a cana moía

No decorrer da semana,

Todos ali com alegria

Na doce moagem da cana.

O apelido “Sorrapa”

Seu Sorrapa assim ganhou,

Quanto mais cana ele rapa,

Mais o apelido pegou,

Com seu chapéu e sua capa,

A trabalhar com fervor.

Sozinho a rapar as canas,

Seu Sorrapa do engenho,

E outros moendo as canas

Com trabalho e muito empenho,

Assim em várias semanas

É um rojão bem ferrenho.

Mas o nome verdadeiro

De Seu Sorrapa é Miguel,

É um cidadão ordeiro

Que só quer produzir mel,

E pras visitas o dia inteiro,

Tem garapa com pastel.

As moendas a gemer

Parece até uma canção,

De tanta cana moer

Com trabalho e animação,

Uns trabalham pra valer,

E outros, são só diversão.

Caldo de cana à vontade,

E muita gente aproveita,

Vem gente até da cidade,

Come, bebe e se deleita,

É um engenho de verdade

Numa harmonia perfeita.

O bagaço da cana moída

Vai direto pro curral,

Para ali ser acrescida

À ração e também sal,

A pecuária é favorecida

Na bela vida rural.

Na pastagem estava o gado,

Para o curral veio depois,

E todo o bagaço prensado

Comem vacas e também bois,

Seu Sorrapa está ligado,

Aproveita até casca de arroz.

Faz-se também alfenim,

E até mesmo rapadura,

Melaço é bem bom assim

Lá no meio da fartura.

Que esse cenário nunca tenha fim!

Que é parte da nossa cultura!

Assim é o cotidiano

Nesse engenho predileto,

Há moagem todo ano,

E tudo se faz completo,

O senhor Sorrapa é um ser humano

Trabalhador e correto.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 12/06/2023
Reeditado em 13/06/2023
Código do texto: T7812021
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