O ENCONTRO DE CANETA AZUL E CHICO BUARQUE

Quero pedir inspiração

A Deus pai poderoso

Para falar de um artista

Genial e valoroso

Que surgiu no Maranhão

Com um talento espantoso.

Chamado Caneta Azul

Ou mesmo Azul Caneta,

Surgiu como um tufão,

Passou como um cometa,

Causando grande assombro

Em quase todo planeta.

Seu talento musical,

Seu jeito de entreter,

Fez a mídia comentar

E toda a crítica dizer,

Artista igual a esse

Nunca mais vai nascer.

Estudiosos do ramo

Deram suas impressões,

Dizendo, Caneta Azul

E suas composições

Vão inspirar artistas

Por muitas gerações.

Esta fama de cantor

E compositor falado,

No entanto, causou

Um mexido danado,

Por que Chico Buarque

Ficou muito enciumado.

Ficou muito enciumado,

Dizendo não adimito,

Sempre fui compositor

E componho mais bonito

Do que esse sujeitinho

Amatutado e esquisito.

Disse: — Eu vou procurar

Esse besta qualquer dia

Para lhe mostrar de perto

Que ninguém me desafia.

Quero o ver o seu talento

Perante a minha poesia.

Um dia, então, sucedeu

Que durante um jantar

Estes se defrontaram,

Por sorte ou puro azar,

Aí, teve briga feia

E barulho pra danar.

Isto por que o Caneta

Querendo chamar atenção

Disse a Chico Buarque:

— Vou lhe dar uma canção,

É a musga da Mulher

Que machucou meu coração.

Chico Buarque respondeu:

Já com um ódio voraz:

— Você é insolente

E atrevido de mais.

Eu sou o compositor

Chico Buarque, rapaz!

Escuta com atenção,

Seu Caneta, veja bem,

Sou autor de "Roda Viva",

"Olha" e "Cálice" também.

Caneta Azul respondeu:

— Os meu parabem!

Chico falou: — Vou quebrar

Essa sua cara de ameixa!

O Caneta respondeu:

— Por favor, ver se me deixa,

Se você não me ama

Não fica só me fazendo queixa!

Furioso, disse Chico,

Fazendo um rodopiu:

— Queixa, fez a avagabuda,

Sem sorte que te pariu,

Pois ao ver tua figura

Te pôs na fossa e fugiu.

Disse o Caneta Azul,

Em voz alta e de pé:

—Tua mãe que é vagabunda,

Vagabunda ela é,

Ela deixa o marido em casa

E vai ir pro cabaré!

Dizendo isto, apressou-se

E saiu a toda carreira,

Chico Buarque, atrás,

Segurando uma cadeira,

Gritava: — Seu magrelo,

Vou quebrar sua moleira!

—O que você vai fazer?

Disse: isto não fica assim!

No que o Caneta falou,

Já atravessando o jardim:

— Eu vou deixar de ser besta

E arrumar uma mulher pra mim!

Daí, o Caneta Azul

Fugiu e desapareceu

E Chico Buarque não viu

Onde ele se meteu.

Outro encontro até hoje,

Dizem que não aconteceu.

Adão Brandão
Enviado por Adão Brandão em 22/07/2023
Código do texto: T7843234
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