CORDEL – Não vejo como narrar – O fim do nosso chamego – 12.08.2023 (PRL)

 

CORDEL – Não vejo como narrar – O fim do nosso chamego – 12.08.2023 (PRL)

 

Cordel em parceria com o poeta Edmilton Torres, do agreste pernambucano.

Esquema de rimas: ABABCDCD

Em versos de sete sílabas poéticas

Interações: à vontade, dentro do esquema

 

(01)

É difícil de dizer

O que conosco passou

Quando vim te conhecer

Foi que tudo se acabou

Ficou difícil contar

Pois foi problema não nego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(02)

No começo, tudo bem

Nada para reclamar

Tu foste até muito além

Nos carinhos pra me dar

Podes até me gozar

Cruz nenhuma aqui carrego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(03)

Eu sempre tive cuidado

De não te prejudicar

Eu era um pobre, coitado

Era magro de lascar

Não cansava de te olhar

Demoro, mas sempre chego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(04)

Decerto tu bem gulosa

Querias sempre e demais

Antes do gozo uma glosa

Sendo algumas imortais

Isso nem é bom lembrar

Ganhavas meu aconchego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(05)

Nosso carinho seguro

Causava mesmo o ciúme

Mas depois ficou maduro

E tu subias ao cume

E ficava a navegar

No colo pedindo arrego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(06)

Davas uma, duas, três

Montando no seu cavalo

Não havia os porquês

Era tudo muito embalo

E na hora de gozar

Tu não davas sossego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(07)

Eu segurava o tesão

Esperando os teus feitios

Tu parecias trovão

E eu sempre com os meus brios

Tudo para te aguentar

Mamavas como morcego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(08)

Muita gente enfurecida

Tinha despeito danado

Eu que dou casa e comida

Não posso ficar de lado

Nosso negócio era amar

Lindo demais nosso achego

Não vejo como narrar

O fim do nosso aconchego

(09)

Todo dia é bom demais

Porém fiquei abatido

Para segurar teus ais

Fiquei magro, envelhecido

Pois tu entras pra bailar

E de mim tiveste apego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(10)

As coisas num mar de rosas

Na vida que Deus nos deu

São por demais saborosas

Isso que recusa o ateu

Lá na área do pomar

Grudado com seu Diego

Um cara pode narrar

Sobre o final do chamego

 

SilvaGusmão

 

 

Cordel em parceria com o poeta Ansilgus, sobre o mote de sua autoria:

 

"Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego"

 

Poema em oitavas de sete sílabas poéticas, com rimas em ABABCDCD

 

Glosas de Edmilton Torres , assim se expressou:

 

(01)

Sempre que sou perguntado

Sobre a nossa relação

Ter, tão cedo, terminado

Depois de tanta paixão

Também fico a meditar

E à conclusão eu não chego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(02)

Eu me sentia tão bem

Enquanto estava ao seu lado

Não pensava em mais ninguém

Porque me sentia amado

Nos momentos de pesar

Você era o aconchego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(03)

Nos seus lábios eu bebia

O doce néctar do amor

No seu corpo eu me aquecia

Sinto falta do calor

Quando fico a recordar

Me vem um desassossego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(04)

Nos amávamos sem medo

Sem preconceito ou pudor

E escondemos segredos

Debaixo do cobertor

Com você a delirar

Me chamando de "meu nego"

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(05)

De fato, a nossa paixão

Era quente e fervorosa

Eu sempre fui um vulcão

E você muito fogosa

Mas, depois de tanto amar

Começou o desapego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(06)

Um dia você surtou

Numa crise de ciúme

Só porque desconfiou

Do cheiro do meu perfume

Passou a me vigiar

E eu fui perdendo o apego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(07)

Ciúme na relação

É o início do fracasso

E, assim, nossa paixão

Foi seguindo em contrapasso

Começamos a brigar

E acabou o sossego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(08)

Seu ciúme doentio

Era uma coisa sem nexo

E lhe deixou em fastio

Sem apetite pro sexo

Eu não podia ficar

Mansinho como um borrego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(09)

Então, com muita frequência

Tinha desentendimento

Um dia, com insistência

Você propôs casamento

Eu não podia casar

Porque tava sem emprego

Não vejo como narrar

(10)

O fim do nosso chamego

Disse que seu pai bancava

As despesas da família

Tudo que eu quisesse, dava

Comprava até a mobília

Eu não podia aceitar

Esse "presente de grego"

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(11)

Quando eu lhe telefonava

Você era indiferente

Quando a gente se encontrava

Era fria e exigente

Com você a me esnobar

Não ia pedir arrego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

(12)

Nós fomos muito felizes

Eu recordo com saudade

Eu perdoo seus deslizes

E digo com humildade

Se você me perdoar

É só me chamar que eu chego

Não vejo como narrar

O fim do nosso chamego

 

Edmilton Torres

 

Foto: Internet

ansilgus, Edmilson Torres e de Pesqueira (PE)
Enviado por ansilgus em 23/08/2023
Reeditado em 24/08/2023
Código do texto: T7868337
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