NAS COISAS SIMPLES

Hoje me deleitei

Em uma bela lembrança

Incorporei Casimiro

Recordei a minha infância

A partir de um ato simples

Por meio de uma cobrança

Baldes ainda vazios

E minha mãe reclamando

Quem vai encher essa água?

Todos ainda acordando

Numa manhã de domingo

Estávamos descansando

Levantei-me preguiçando

Várias coisas a fazer

Fiquei até me escorando

Não tive pra onde correr

Sobrou pra mim dessa vez

A água eu fui encher

Quando olhei aquele balde

Eu comecei a lembrar

Latas de tintas vazias

Nós ainda a usar

Mas, o mais belo instrumento

Com gosto pra carregar

Eram os baldes de cuia

Criação bem secular

Em frente ao poço profundo

A corda e seus bailados

Destreza nas mãos eu tive

Nos enlaces, o cuidado

Tchibum! Mergulho profissional

Objetivo alcançado

Que imensa satisfação

Nesta ação, uma memória

Em instantes, um segundo

O sabor de uma vitória

Repeti diversas vezes

Movimentos de outrora

Incorporei novamente

Casimiro de Abreu

Saudades de tempos bons

Ele tão bem descreveu

Não tinha uma laranjeira

Muito menos bananeira

Mas ali aconteceu

No simples mexer do balde

Tudo me surpreendeu

Em uma manhã “fagueira”

À sombra de uma mangueira

Ali estava meu “Eu”

Forçada por minha mãe

Alcancei o apogeu

Nos recortes bem guardados

A saudade aqui bateu

Para ela, eu não contei

O prazer que ela me deu.

Cléa Simone Oliveira Soeiro

Cléa Soeiro
Enviado por Cléa Soeiro em 26/08/2023
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