FEL...
Lá vem a bela morena
Cintura sessenta e quatro
Tão jovem, simples ingênua
Uma artista de teatro
Deixava os homens sisudos
Parados como retratos
Cabelos longos, compridos
Andava com seu molejo
Lábios grossos, bem feitinhos
Sem nunca provar um beijo
Inocente e formosa
Fruto de muitos desejos
Possuía muito medo
De um dia ser amada
Mas conheceu um rapaz
Que a deixou encantada
Dias, dias se passavam
Mais ficava apaixonada
Sonhos intensos na mente
Que viravam a madrugada
Pensava no amor constante
Cada vez enamorada
Não imaginava ter fim
E um dia ser enganada
Mas o tempo muda tudo
O amor ficou carrancudo
Não falava, ficou mudo
Comportamento absurdo
Foi ficando tão alheio
De hora em hora trombudo
A morena foi notando
Aquele ar diferente
Cada dia que passava
Ele ficava ausente
Foi se saindo aos poucos
Olhar não era mais rente
Finalmente a descoberta
Do amor estar distante
Ele já pensava em outra
Não se livrou do flagrante
Outra jovem graciosa
De olhar exuberante
De namorada oficial
Passou a ser figurante
Manteve sua postura
Saiu de cena com classe
Da situação frustrante
Algum tempo se passou
Tempo vai, tempo vem
E aquele gosto amargo
Da traição sentiu bem
Mergulhou em outras coisas
Que a ela mais convém
Esqueceu de tudo aquilo
Que só fez mal, não fez bem
Enfim, tudo na vida passa
Com raça e muita pirraça
Ficar parado no tempo
Só vai cair na desgraça
O melhor é erguer a cabeça
Dar vários passos a frente
Fazer da vida uma graça.
Cléa Simone Oliveira Soeiro