Montanha

Pulmões sem oxigênio, ar rarefeito,

Frio implacável sem dó, sem manha,

Extremidades dormentes por efeito,

Da hipotermia... tudo que se ganha;

Lábios sangrando e unhas roxeadas,

A pele gélida, as orelhas congeladas,

Ainda assim desejo subir montanha.

Ser tomado por forças do universo,

Alcançar o cume tal qual um condor,

Tocar no céu azul, imenso e diverso,

Olhar o infinito em pleno esplendor,

Reflexão e elevação do pensamento,

Onde os anjos brincam com o vento,

Do alto da montanha com o Criador.

O mundo de cima mítico encantado,

Onde o pequeno se sente poderoso,

E o forte, tímido, sente-se acanhado,

Homem e a natureza em pleno gozo,

Diz que Maomé não foi a montanha,

Talvez quisesse sua maior artimanha,

Ser lembrado por simples ato jocoso.

Um dia hei de alcançar aquele topo,

Libertar-me de todas maledicências,

Braços abertos atirar-me ao escopo,

Matéria a se desprender da essência,

Minha alma leve e livre a sobrevoar,

Do alto da montanha até o além-mar,

Assim será minha última experiência.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 08/09/2023
Reeditado em 08/09/2023
Código do texto: T7880747
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