ENTERRO NO INTERIOR (COMO ANTES)
O povo do interior
Saudável, de muita sorte
Mas como qualquer cristão
Nunca se livra da morte
De velhice, ou enfermo
Quando acontece um enterro
Parece festa de porte
As pessoas que lá velam
Em volta de um caixão
Barulho nenhum fazem
Pra não gerar confusão
Pensam em beber e comer
Pra encher o barrigão
Em meio a tantas tristezas
Muito choro, choro muito
Parece até feriado
Para velar o defunto
Comidas tantas diversas
Mesmo sem muitas conversas
Não há que não tenha assunto
Após 24 horas
Do defunto ser velado
É para o cemitério
Que levam o pobre coitado
Os amigos e parentes
Se revezam lado a lado
O féretro é muito longo
Começa a ficar sem graça
E para animar o povo
Só uma dose de cachaça
Os parentes do defunto
Pedem com muito clamor
Para não ter arruaça
Começam as providências
Para o luto realizar
Os parentes e afilhados
Suas roupas vão comprar
Alguns tingem as vestimentas
Com o suco de tapará*
Depois tocam em barro preto
Pra durante o ano inteiro
O seu luto desfilar
Sem esquecer de pôr brincos
Feitos de coco manso
E com as vestes combinar
É! feliz de quem ficou vivo
Pobre quem foi enterrado
Não sei se o caro defunto
Que vivo, fez pouco ou muito
Que vale ser relembrado
Ou se a comida ou bebida
Que já foram degustados.
*tapará = tapara = fruto do coité (nossa famosa cuia)
Cléa Simone Oliveira Soeiro
Instagram: cleasoeirooficial