A LENDA DA MÃE-DO-OURO
Eu começo estes meus versos
Fazendo um questionamento.
Sabes o que é folclore?
Pense só por um momento
Se faltar definição
Farei breve explicação
Para o seu entendimento.
Folclore é um conjunto
De diversas tradições,
Desde lendas até danças,
Suas manifestações
Vem do saber popular
Que passam a propagar
Através das gerações.
Folclore vem do inglês (Folk-lore)
E pra vocês vou revelar.
O que ela significa?
SABEDORIA POPULAR!
Pois numa sociedade
Ela é identidade
Do seu povo e seu lugar.
Vocês devem conhecer
Algumas lendas famosas
A Cuca, Boto, Saci
Todas elas fabulosas.
Trago aqui mais um tesouro
A Lenda da MÃE DO OURO
Com histórias valiosas.
Quando foi que começou
Essa lenda a ser contada?
Foi bem no ciclo do ouro
Que ela foi iniciada.
Era o século dezoito
Onde um povo muito afoito
Engrenava a garimpada.
Mãe do ouro era linda
Com seus cabelos dourados
São tão longos e brilhantes
E jamais embaraçados.
Quero com vocês ser franco
Usava um vestido branco
De seda em todos os lados.
Quem já viu pessoalmente
Relatou que foi ligeiro
Disse que desaparece
Sem deixar nenhum roteiro,
Mas todos que avistaram
Muito ouro repararam
Envolto em seu corpo inteiro.
Há também alguns relatos
De um poder misterioso
Que ela voa pelo céu
Em formato luminoso
Virando uma bola em chamas
Vai fazendo as suas tramas
Um feito bem curioso.
Vai voando pelo céu
Feito bola incandescente
Pra encontrar as jazidas
De ouro por toda frente
Se num morro ela descer
Com certeza ali vai ter
Bastante ouro presente.
Protetora dos depósitos
De riquezas naturais
Desde o ouro aos diamantes.
Em qualquer um dos locais
Seja no rio ou na terra
Lá no alto ou pé da serra
A proteção é demais.
Sua grande habilidade
É de conseguir achar
Os tesouros escondidos
Ou jazidas pra cuidar
Protegendo assim o ouro
Pra não virar sumidouro
Do humano que quer sugar.
Dizem que se alguém limpar
Os longos cabelos dela
Muito rico ficará,
Mas se é fato ou balela
Você que vá descobrir
Aqui só vou redigir
O que o povo me revela.
Mas ela também protege
As mulheres maltratadas
Que sofrem com seus maridos
Deixando-as violentadas
Se a hostilidade atiça,
Mãe do Ouro é justiça
Daquelas injustiçadas.
Pois aquele que maltrata
Ela atrai pra uma caverna
Encantando com a beleza
Ela vai passando a perna
E o marido agressor
Segue pro interior
Pra sua prisão eterna.
As mulheres que ficaram
Elas não ficam sofrendo,
Mãe de Ouro trata logo
Do problema ir resolvendo
No caminho mais a frente
Põe um belo pretendente
Assim ninguém sai perdendo.
Mas não é só as mulheres
A quem ela dá suporte,
Pois alguns mineradores
Tiveram a grande sorte
Dela dar a indicação
Com tamanha precisão
Isso é um grande norte.
Porém tinha condição
Pra ela poder indicar
Onde tinha o ouro certo
Para poderem pegar.
Precisava prometer
Que a ninguém iam dizer,
Não podiam revelar.
Quem tá fora diz que é
Mais fácil guardar segredo,
Mas quando você trabalha
Para alguém que causa medo,
É o exemplo desse fato
Que eu agora vos relato
No caminhar desse enredo.
Havia um senhor de escravos
Que era rico e maldoso
Tinha um coração cruel
Por ser tão ganancioso
Que os escravos maltratava,
Quando o ouro não achava,
O castigo era penoso.
Eles tinham que trazer
Ao menos uma pepita,
Pois se caso não trouxessem
O tronco ia ter visita
Para serem castigados
Sendo bastante açoitados
E cumprir a ordem dita.
Certa vez um dos escravos
Que já não mais aguentava
Apanhar todos os dias
Procurava e não achava.
Foi pensando no perigo
Que seria o seu castigo
Ele ali se lamentava.
Com as mãos sobre seu rosto
Chorava profundamente
Quando as mãos ele abaixou
Viu um ser a sua frente
Que lhe disse que diria
Onde o ouro encontraria
Só que não era um presente.
Umas fitas coloridas
Ela disse que trouxesse
Junto com mais um espelho
Para que ela lhe dissesse
A correta posição
Para sua escavação
E o ouro ele tivesse.
Depois disto ele saiu
Com um tempo retornou
Trazendo o que foi pedido
E a mulher ele entregou.
Que fez ele prometer
De nunca a ninguém dizer
Onde o ouro encontrou.
Ele então ali cavou
Viu o ouro verdadeiro
Se virou para mulher
E lhe agradeceu faceiro
Nessa hora ela sumiu
E ele somente ouviu:
- Não revele o paradeiro.
Ao levar pro seu patrão
Logo o mesmo quis saber
Onde ele tinha encontrado,
O escravo não quis dizer.
O patrão muito irritado
Mandou-lhe ser açoitado
Era falar ou sofrer.
Quando já não aguentava
Todo aquele sofrimento
Revelou o paradeiro
Para o seu patrão sedento
Que saiu na mesma hora
Indo atrás do que ele adora
O tal ouro suculento.
Então levou os escravos
Para o local indicado
Ordenou que eles cavassem
Para o ouro ser achado.
Aquele patrão maldoso
Estava tão ansioso,
Como também, empolgado.
Em seguida o ouro todo
Começou a aparecer
O patrão muito feliz
Foi lá perto para ver
Quando naquele momento
Teve um desmoronamento
Foram lá para morrer.
Mãe do Ouro segue assim
Os tesouros protegendo,
Mas aquele que ela ajuda
Não pode sair dizendo,
Porque se ela te ajudar
E a palavra tu quebrar
É você que sai perdendo.
Então pense muito bem
Palavra, não é brinquedo
A promessa é coisa séria
Que aprendemos desde cedo.
Esta lenda é uma lição
Merece meditação
Sobre a essência do segredo.
29/03/2022