Cordel Cabuloso!

Sou um lobo cabuloso

Neste mormaço de osso

Usando alpargatas de barro

Calça velha de couro

Guardei Paçoca e farinha

Carne seca na algibeira

Peixe seco de linha.

Vou dançado fangote

Morena Beijando cangote

Bebendo água de pote

Rimando poeira do chão

Aqui só fica quem pode

Comendo capote na mão

Galo cego brabo de rinha

Cantou saudade sem rima

Nos beiços da rapariga

O sol avermelhado chorou

Da seca que sempre vinga

Meu Padre Ciso espreme

As nuvens de agua não pinga.

Arrilhei um burro cego

Nas pastagens da restinga

Ponta de pedra eu carrego

Pedaço de jacutinga.

Aqui eu me despeço deste

Poema bravio , dos Solimões

Ao mar, aqui não passa navio.

demetrioluzartes
Enviado por demetrioluzartes em 14/12/2023
Reeditado em 15/12/2023
Código do texto: T7953852
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