Nordestiando
Amo onde nasci e vivi.
Porém, tudo é muito formal aqui.
Escolhi então um lugar para chamar de meu.
E foi o povo nordestino quem bem me recebeu.
O sotaque de cara me conquistou.
Aquela fala mansa, baixinha, meio cantada, me encantou.
Como quem aprende em uma cartilha.
Fui descobrindo os nomes diferentes que as coisas tinham.
A primeira palavra só aprendi porque teve encenação
Um amigo contando uma história, me mostrou como seu celular papocou no chão.
Cada dia uma palavra eu aprendia.
Dentre elas, uma era bem diferentona
Era a cambalhota que virava Maria Escombona.
O jetcho, o biscotcho e o otcho, têm umas letrinhas a menos e outras a mais.
Que quando pronunciadas as deixam especiais.
Ao levar uma topada no dedão.
Acreditem dói mais do que um tropeção.
E por falar em topar ela também toma o lugar do touch ou do simples tocar.
Aquela mulher que não casou, era pra mim uma solteirona
Mas ouvi alguém falar um dia.
Que Moça Véia era aquela que ficava pra titia
O eita é pêga
O louco é brôco
A pidona é ximona
O quebrar é torar
O vôte (adoro esse) é vôte mesmo esse ninguém traduziu.
Agora o melhor é confirmar tudo com um Viu.
De mim não mangue não.
Fico brava se por alguém for caçoada.
Principalmente se o outro vendo graça, solta logo uma gaitada.
O mais falado nem sempre é o mais aprovado.
De todos o melhor representado.
Trocar um palavrão por um Fiducabrunco é a melhor opção.
É claro que tenho o meu preferido.
De hoje a otcho gosto um tanto.
Mas o que conquistou meu repertório paulistano.
Dô ji a otcho já é paruano
Rose Sànchez