ZÉ PREÁ NO CARNAVAL

ZÉ PREÁ NO CARNAVAL

Essa é mais uma história

Que aqui vou lhes deixar

Contada em verso e prosa

Pelo "nego" Zé Preá

Que me fez uma visita

Daquelas de arrepiar

Não tenho medo de nada

Meu destino vou cumprir

Contando minhas histórias

Do brejo ao cariri

Cruzando leão com zebra

Sem nunca ter que mentir

Pois vivi solto no mato

Escondido na caatinga

Comendo galinha d'água

Pescada numa cacimba

Igual o muçun no laço

Que pesquei pra fazer rima

E, assim vim caminhando

Do sertão pro litoral

Debaixo de chuva e sol

Só pra pular carnaval

Vestido de cafuçú

Debaixo de um temporal

Logo vi uma amarela

Concha de uma perna só

Na boca só tem dois "dente"

O pescoço é de socó

O suvaco é cabeludo

Zanoia que até faz dó

Mas eu fui morar com ela

No quartim de Zé Cipó

Vizinho de Chico Tripa

Irmão de Zé Catimbó

Que mora em Mangabeira

No beco João Filó

A danada é cigana

Usa brinco e bota pó

Os beiço é "incarnado"

A saia é no mocotó

Briga com onça pintada

E pesca peixe "dum oi" só

Ela é a alma gêmea

Feitiço da minha vó

Que disse: "nego" da peste

Seu destino não é só

Quem lhe espera na cidade

É rica e mora só

Vim cumprir a minha sina

E, com ela me juntei

Me apresentei dizendo

Que um dia, eu já fui rei

Ela ironizou dizendo

Mentira, aqui não têm vez

Você é "nego" banguelo

Mentiroso, troncho e "gay"

Me mostre o seu castelo

De onde você foi rei

Porque também fui rainha

E meu pai também foi rei

Zé Preá ficou zangado

E a briga logo esquentou

Soltou fogo pela venta

Deu um peido e se cagou

Foi embora pra favela

E o casamento acabou

VERIANO DIAS

Em, 08 de fevereiro de 2024

Veriano Dias
Enviado por Veriano Dias em 10/02/2024
Código do texto: T7996122
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