Chapeuzinho Amarelo em Cordel

Vou contar para vocês

Uma história interessante

De uma menina medrosa

É um caso instigante

É do grande Chico Buarque

Acho demais do importante.

Ela ficava apavorante

De tudo tinha medo

Era Chapeuzinho Amarelo

Que eu narro esse enredo

Não fique preocupado

Não guardo nenhum segredo

Não quero apontar o dedo

Uma menina que nunca ria

Pois tinha muito pavor

E em festa não aparecia

Seus medos lhe dominava

E nem de escada descia

Uma menina que tossia

Mesmo sem está gripada

Ela tinha muito medo

Até dos contos de fada

Em vez de causar alegria

Nunca deixava animada

Não brincava de nada

Coitada da pobrezinha

Deixava o medo lhe vencer

Não pulava amarelinha

O medo era muito gigante

De pular bem na linha

Uma pobre coitadinha

Que tinha medo de trovão

De minhoca que era cobra

Que fértil imaginação

Nunca apanhava o sol pois

Não queria saber de sombra não

Ela não queria opção

Tinha medo de se sujar

E o medo de tomar sopa

Pois não queria ensopar

Banho não se tomava

Pois não queria descolar

Ficava muda pra não engasgar

Nem em pé pra não cair

Ela vivia bem parada

Deitada mas sem dormir

Tinha medo de pesadelo

E o medo de sucumbir

Ela não sabia resistir

Era chapeuzinho amarelo

Com medo do próprio medo

Em um mundo paralelo

Ela ficava bem presa

Bem no seu próprio elo

Meu verso não é belo

Mas falo um medo medonho

Era o medo do tal lobo

Que nunca viu, é estranho

Difícil é de entender

Será que era um sonho?

É algo bem tristonho

Do outro lado da montanha

Ele vive lá bem longe

Em um buraco da Alemanha

Se é que esse lobo existia

Numa terra tão estranha

É um medo ou será manha?

Ela tem medo do maior medo

De encontrar o lobo mal

Isso não é nenhum segredo

Ela não parava de pensar

Ficava mordendo o dedo

Certa vez, era bem cedo

De tanto sonhar, esperar

Um dia o encontrou-o

Viu seu olhão de olhar

Seu grande ouvido e faro

E a sua boca para devorar

Não tinha o que se apavorar

Quando viu aquele lobo

Perdeu o medo do medo

Virando um medo bobo

Ele não era assustador

Eu diria que é probo

Esse cordel é um globo...

O lobo ficou chateado

A menina sem medo dele

Ele ficou envergonhado

Um lobo tirado o medo

É como um lobo pelado

Ele gritou: Sou um lobo!

Mas chapeuzinho nada

Ele berrou: Sou um lobo!

E chapeuzinho deu risada

Ele falou: Sou um lobo!

Mas ela estava enjoada.

Cansada da presepada

Ela queria era brincar

Mas o lobo gritou forte

Pra o medo poder voltar:

SOU LOBO, SOU LOBO...

Mas nada chegou a mudar

E você não vai acreditar

O lobo teve um fim

O lobo se fez bolo

Não vai acreditar em mim?

Pois eu digo: Acredite

Foi pura arte da chapeuzim

A história foi quase assim

O bolo de lobo não comeu

Pois prefere de chocolate

Mas o medo ela perdeu

Ela enfrentou seu próprio

E o medo do medo venceu

E como você percebeu

Ela brinca de amarelinha

Inventa as brincadeiras

Com o primo da vizinha

Com a filha do jornaleiro

E a sobrinha da madrinha.

Mesmo estando sozinha

Ela inventa brincadeira

E com o seu grande medo

Ela virou uma companheira

Brincando com as palavras

Até dá uma canseira

E sem eira nem beira

O diabo ficou "bodiá"

O raio como "orrái"

A barata é "tabará"

Cada coisa que mudou

Para o medo "acabá"

Eu já irei "terminá"

Mas coloco um ponto

O medo não vai vencer

Deixe ele bem tonto

E diga pra ele mesmo:

Em você eu que monto!

Narrei esse belo conto

Olhei para essa história

E fiz minha leve versão

Livre a sua trajetória

Inspiração sublime

Agradeci pela glória.

Dessa simples estória

Acunhei a imaginação

Nutrindo o original

Tentei nova opção

Alinhado no cordel

Separei da solidão.

p.s. eu brinquei com os versos, essa história eu li quando criança e deu vontade de fazer uma versão em cordel, escrevi aqui em um canto no recanto das letras, um dia eu posso revisar, melhorar esse cordel e em livro talvez publicar, mas o caminho já está feito o medo eu enfrentei.

Noélia Dantas
Enviado por Noélia Dantas em 13/03/2024
Reeditado em 01/05/2024
Código do texto: T8018970
Classificação de conteúdo: seguro
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