Agro-Velório

(Tilà)

Em meu féretro de sisal

O Lacrau lacônico gastava a sorte

Queria ser eu e se matava

Piloto de girândola não aprendeu assoviar e chupar cana

Nessa terra doada não se descem sete palmos

Nem choro pra mais de uma reza

Salvo-conduto em palato de onça

São dois gravetos cruzados com cipó de São João

O céu fica carregado, mas só chove marimbondo.

Na quase moça vista pingando seca

Em um dia de sol não arde toda desgraça

Ainda resta um caminhão de buracos pra manhã

Essa enxada que sangra a terra

Tem mais serventia no despacho

Pra essa profissão não falta ofício

Nasce um cacho... Pra cada penca de criança plantada

Legião de encardidos

Desbravam florestas de areia

Odres chorando nuvens

No Chapéu há esperança de um gole

Infortúnios paus-de-arara

Marketing das novelas urbanas

Esperando ganhar aquele milhão do programa

Eterno nômade preso em lonas pretas

Monocultura de corpos

Só ensinaram ler figuras canônicas

Fabricando urnas eletrônicas de confirma

Escolhendo a dedo a foto abençoada pela Tv

TILA
Enviado por TILA em 15/01/2008
Código do texto: T818771