Agro-Velório
(Tilà)
Em meu féretro de sisal
O Lacrau lacônico gastava a sorte
Queria ser eu e se matava
Piloto de girândola não aprendeu assoviar e chupar cana
Nessa terra doada não se descem sete palmos
Nem choro pra mais de uma reza
Salvo-conduto em palato de onça
São dois gravetos cruzados com cipó de São João
O céu fica carregado, mas só chove marimbondo.
Na quase moça vista pingando seca
Em um dia de sol não arde toda desgraça
Ainda resta um caminhão de buracos pra manhã
Essa enxada que sangra a terra
Tem mais serventia no despacho
Pra essa profissão não falta ofício
Nasce um cacho... Pra cada penca de criança plantada
Legião de encardidos
Desbravam florestas de areia
Odres chorando nuvens
No Chapéu há esperança de um gole
Infortúnios paus-de-arara
Marketing das novelas urbanas
Esperando ganhar aquele milhão do programa
Eterno nômade preso em lonas pretas
Monocultura de corpos
Só ensinaram ler figuras canônicas
Fabricando urnas eletrônicas de confirma
Escolhendo a dedo a foto abençoada pela Tv