AVENTURA NA AMAZÔNIA

AVENTURA NA AMAZÔNIA

A sorte existe mesmo

Mas todo mundo ignora

Um dia esteve comigo

E vou lhe contar agora

Como fui recuperado

Do meu de uma grande flora

Leitores prestem a atenção

O que aconteceu um dia

Os pedaços que passei

E que nunca os pretendia

Quando vivi cinco anos

No meio da selvageria

Um certo dia eu estava

Em Santarém do Pará

Juntei-me com garimpeiros

Que queriam aventurar

E rumemos todos juntos

Com atenção de enricar

Pegamos um manomotor

Com destino a garimpagem

No meu da grande floresta

Faltou a minha coragem

Os dois motores falharam

E agora a aterrissagem

Eu usava um blusão

De couro muito possante

Que ao sair pela porta

Logo ficou flutuante

Como que se transformasse

Num pára-quedas elegante

Em pouco instante eu estava

Na copa do arvoredo

Dentro de mim já não cabia

A imensidão do medo

Eu estava tão imóvel

Que não mexia um dedo

E não demorou muito

Ouvi como uma ventania

Quebrando galhos de arvores

Que eu me estremecia

Foi quando em minha frente

Uma figura aparecia

Era um grande gorila

De cara e corpo feio

Que ali se aproximava

Para aumentar meu receio

Chegando perto de mim

Agarrou-me pelo meio

E saímos em disparada

Numa carreira veloz

Viajamos duas horas

Sem eu ouvir sua voz

Pouco depois me depositou

Numa rede de cipós

Eu ate que fiquei calmo

Mas me assustei quando

Ele soltou um grunhido

Como ordem ao comando

E justamente era chamando

O pessoal do seu bando

Mais temeroso fiquei

Olhando aquele bicho imundo

Que ate me despedir

Dando adeus ao meu mundo

Quando vi mais duzentos

Aparecerem num segundo

Todos eles me cercaram

E ficaram me apontando

E olhavam uns para os outros

E pareciam conversando

Pouco depois todos foram

De um a um se arretirando

Mais ficou o grande chefe

Ali para me vigiar

Com meia hora depois

Começaram a chegar

Cada um ali trazia uma

Fruta para me dar

E ali passei dois meses

Embalando-me sem parede

Comendo apenas frutas

Pois eu nem sentia sede

Quando numa certa noite

Sonhando cair da rede

E com a queda da rede

Ate perdi o sentido

Eu só não sei quanto tempo

Porque estava vencido

Quando acordei foi que vi

A onde estava metido

Fui vivendo pouco a pouco

E vendo aquela façanha

Vi que estava distante

Em uma outra montanha

Estendido sobre o leito

De uma fera tamanha

Também vi quatro gatinhos

Brincando em volta de mim

Fechei os olhos e pensei

Que eu tinha chegado ao fim

E olhando a direita

Avistei algo tão ruim

Era uma enorme tigre

Que estava ali sentada

E olhando para mim

Muitíssima admirada

Como quem ali estava

Vigiando a entrada

Perto de mim tinha frutas

Das que eu estava acostumado

E como senti fome

Peguei comi um bocado

E ali passei um mês

Naquela furna, guardado.

Eu não sei qual o mistério

Que a fera não me comeu

E até confiava em mim

Que permitia que eu

Andasse em volta da furna

Quando um dia aconteceu

Os macacos procuravam-me

Pela floresta inteira

E quando me avistaram

Vieram doidos na carreira

E assim capituraram-me

Daquela fera tigreira

Mas antes que me pegasse

A fera deu um rosnado

Pulou em cima de um macaco

Foi um duelo danado

Mas nesse instante surgiu

Macacos pra todo lado

Que pularam sobre o tigre

Eu não vi o resultado

Porque logo um me pegou

E saiu bem disparado

Com uma hora depois

Por índios fomos cercados

O pobre não teve sorte

Pois os índios nos pegaram

E mataram o coitado

E então me carregaram

Com algumas horas de viagem

Na aldeia me entregaram

Já estava acostumado

Que nem temia mais

E vendo que eu estava

Na sede dos canibais

E ouvindo os tambores

Com os seus sons infernais

Depois eles me pegaram

De um modo tão brutal

E me amarraram todo

Sobre um poste de pau

Arrancara minha roupa

Deixando-me nu total

Prepararam em minha frente

Um monte de pau quebrado

Para fazer uma fogueira

Eu fiquei desconfiado

Que eles estavam querendo

Era me comer assado

Fizeram uma reunião

E logo depois eu vi

Um índio velho apontar

E logo um índio sair

Em rumo de uma cabana

De uma tal de kaki

Triste pensando eu disse

Daqui a pouco serei janta

Mas nesse exato momento

Minha atenção se encanta

Porque quando a porta abriu

Para mim saiu uma santa

Era uma índia branca

E toda bem enfeitada

Que saiu de sua cabana

Com um índio, acompanhada.

Chegando perto de mim

Ficou até assustada

Mas para minha surpresa

Pois aquela criatura

Quando falava comigo

Era língua portuguesa pura

Ela também era branca

E na mesma aventura

Contei-lhe minha historia

E também ouvi a dela

E soube que nessa aldeia

Ela era a mais bela

A rainha dessa tribo

Eles velavam Poe ela

O chefe lhe entendia

E tornara seu amigo

Então ouvi sua voz

Chegar até meu ouvido

Chefe solte o rapaz.

Ele vai casar comigo

Foi então que me soltaram

E fizeram o casamento

E depois para a cabana

Empurraram nos pra dentro

Daquela hora endiante

Esqueci o sofrimento

Então passei cinco meses

Morando com ela lá

E sempre pensando

Em um dia escapar

O pior era que os índios

Viviam a nos vigiar

Já caçávamos com eles

Naquele moto sombrio

Conhecemos muitas feras

Acostumamos com o frio

Quando um dia descobrimos

A margem de um grande rio

Costumamos a caçar

Todo dia a sua margem

E o meu medo já era

Eu troquei com a coragem

Até que um belo dia

Conseguimos a viagem

Ouvimos uma zoada

De uma embarcação

Corremos para beira do rio

Fizemos sinais de mão

Graças a Deus o comandante

Tinha um bom coração

No navio nós conseguimos

Roupa e nos vestimos bem

Mesmo não sendo novas

Porque já era de alguém

Porem deu para nós

Chegarmos até Belém

Logo tive uma alegria

De tomar um bom goró

Eu que já nasci com sorte

Agora estava melhor

Seu pai era fazendeiro

Na ilha do marajó

Quando nós chegamos lá

Saídos daquela flora

Já distantes do perigo

E felicíssimos agora

Foi uma semana de festa

Para comemorar a gloria

Leitores sei que gostaram

Destes meus fatos reais

Que acabei de contar

Da próxima eu conto mais

Onde eu e kaki fomos

Os atores principais

Com carinho e paciência

Amor e inspiração

Escrevi esta estória

Tirada da imaginação

Amei essa aventura

No meio da floresta pura

Onde só tive ação

CAETANO PAVÃO
Enviado por CAETANO PAVÃO em 17/01/2008
Código do texto: T821058
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