3a. CONFERÊNCIA NACIONAL DAS CIDADES

3ª. CONFERÊNCIA NACIONAL DAS CIDADES

LITERATURA DE CORDEL

Autor: Bob Motta

Delegadas, Delegados,

Senhor Ministro Márcio Fortes,

autoridades presentes,

toda a imprensa e seus repórteres.

Hoje, aqui, vem lhes saudar,

o poeta popular,

do Rio Grande do Norte.

Senhor Ministro, Márcio Fortes,

lhe trago aqui, na verdade,

o meu cordel, novamente,

cheio de felicidade.

Participo com decência,

da 3ª. Conferência,

Nacional das Cidades.

De primeira, eis o lema,

que aqui vai se enfatizar.

Desenvolvimento Urbano,

Participação Popular.

A Justiça Social,

desse Planalto Central,

p’ro Brasil, vai se espalhar.

Dessa Conferência, espero;

minhas senhoras e senhores,

Delegadas, Delegados,

Ministro e seus assessores;

que além de trazer progresso,

nos traga o mesmo sucesso,

das duas anteriores.

Nas Conferências passadas,

se promoveu por igual,

o seu desenvolvimento,

econômico e social.

Calcado na realidade,

peitando a desigualdade,

sócio-territorial.

A Segunda Conferência,

definiu P.N.D.U,

Instrumento que orienta,

digo, sob o céu azul;

ações que não são engodos,

trouxe a cidade prá todos,

leste a oeste, norte a sul.

Desenvolvimento Urbano,

continua enfatizado

na 3ª. Conferência,

será mais alavancado.

Porque era, seu fulano,

relegado a quinto plano,

num mui recente passado.

Como financiar cidades,

no âmbito nacional,

na esfera dos municípios,

no contexto estadual;

a Segunda Conferência,

orientou, deu ciência,

junto à esfera federal.

Teve uma enorme importância,

para todas as cidades,

exporem suas carências,

as suas necessidades.

Visando o bem do povão,

de toda a população,

é sua finalidade.

A questão federativa foi,

amplamente debatida.

No cabível a cada um,

amplamente discutida.

Questões que com paciência,

trabalho e eficiência,

estão sendo resolvidas.

Propôs orientações,

com respeito à aplicação,

do Estatuto da Cidade,

e sobre a elaboração;

por técnicos e moradores,

com seus Planos Diretores,

em prol da população.

Orientando o Ministério,

das Cidades à direção,

das metas e objetivos,

dos problemas em questão.

Prá cada uma das cidades,

trânsito e mobilidade,

em toda sua gestão.

A 2ª. Conferência,

no seu trabalho, se fez,

na análise dos estudos,

expondo a todos vocês;

balanço dos resultados,

do que havia se agendado,

no ano de dois mil e três.

Apresentou subsídios,

para a estruturação,

da nova P.N.D.U,

cuidando da Habitação;

Saneamento Ambiental,

Trânsito, Transporte em geral,

e sua mobilização.

De norte a sul do Brasil,

ainda existe muito pranto.

Trabalhar num Município,

e se morar, no entanto;

noutro já bem diferente,

e prá findar, minha gente,

ir namorar em outro canto.

A passagem ainda é cara,

entristece o dia a dia.

Municípios isolados,

ainda sofrem essa agonia.

Porém, se êles se juntassem,

e do problema, tratassem,

a passagem abaixaria.

A reciclagem do lixo,

é um dos temas em questão.

É mais uma fonte de renda,

p’ro mais simples cidadão.

Muito artigo luxuoso,

lindo e maravilhoso,

é oriundo do lixão.

Reciclagem, pois, reflete;

o que a orientação,

das ações comunitárias,

traz p’ro povo, em solução.

Muda a cultura do povo,

lhe trazendo algo de novo,

em termos de educação.

Foi esse um dos muitos pontos,

da 2ª. Conferência.

Da nossa situação,

o Governo tem ciência.

Com a limpidez do orvalho,

realiza o seu trabalho,

sem drama de consciência.

Não há região que não sofra,

mas, espero, seu menino,

que a 3ª. Conferência,

dê rumo ao nosso destino.

Um exemplo, meu camarada;

se sul sofre com a geada,

nordeste, é com o sol a pino.

Há recursos a serem usados,

para o financiamento.

Desenvolvimento urbano,

tem todo o seu incremento.

Não há qualquer discussão,

muito menos restrição,

do público endividamento.

Da grande diversidade,

no âmbito regional,

à caracterização,

das cidades no geral;

sofre influência premente,

da questão meio ambiente,

e da esfera cultural.

Muitas ações orientam,

a tratar o meio ambiente,

de maneira respeitosa,

não de forma indiferente.

Povo educado, porreta,

cuide do nosso planeta;

êle é a casa da gente.

Desde as cidades metrópoles,

capitais, média, pequenas,

às cidades litotrâneas,

pantaneiras, entram em cena.

Amazônia, Brasil Central,

é o Sistema Nacional,

proposta que vale a pena.

E todos os municípios,

se prepararam, em geral.

Fizeram suas Conferências,

no âmbito municipal.

Daí, fortes e instruídos,

participaram unidos,

no âmbito regional.

Cada Estado brasileiro,

fez a sua Conferência.

Tudo em prol do cidadão,

demonstrando competência.

Cada Governo em questão,

cumprindo a sua missão,

tudo em nome da decência.

Quero aqui enfatizar,

o esforço descomunal,

de cada um dos Delegados,

para chegar, afinal;

sem drama de consciência,

à 3ª. Conferência,

na Capital Federal.

Para chegar ao Planalto,

que é a terra do pequi,

escutando a sariema,

e o canto da jurití;

muitos tiveram demora,

de seis a setenta horas,

de ônibus, até aqui.

Se o Governo em seu Estado,

ou Município não pagou,

esse seu deslocamento,

seu orçamento, furou.

Porque a sua bagagem,

e as despesas de viagem,

ele mesmo custeou.

Tal e qual da vez passada,

lembro aquele delegado,

que aqui não está presente,

mas que disso, não é culpado.

Por falta de condição,

por não lhe estenderem a mão,

empresas, Prefeitura, Estado.

Alguns tiveram mais sorte,

lhes afirmo nesse instante.

Graças à eficiência,

e ao seu esforço gigante;

prá melhorar sua cidade,

ele pertence em verdade,

a uma entidade atuante.

Sendo entidade atuante,

vendo a importância do evento,

sua participação,

é mais que merecimento.

É busca, de na verdade,

trazer prá sua cidade,

progresso e melhoramento.

Movimentos populares,

que há décadas, vêm lutando,

Pelas cidades mais justas,

continuam batalhando.

Hoje, na realidade,

o Estatuto das Cidades,

acabaram conquistando.

E o Orçamento que existe,

povo e Governo parceiros,

é o tal Participativo,

municípios pioneiros;

já tem esses movimentos,

que existe em mais de duzentos,

municípios brasileiros.

Meus irmãos participantes,

tenho plena consciência,

que é humanamente impossível,

citar nessa Conferência,

todos os participantes,

nos brevíssimos instantes,

dessa minha discorrência.

O Ministério das Cidades faz,

seu trabalho muito bem.

Serve ao povo brasileiro,

sem mas, talvez nem porém.

Com ações de grandiosos portes,

o Ministro Márcio Fortes,

faz jus ao nome que tem.

E como um representante,

de cada uma região,

e da minha, que eu conheço,

que nem a palma da mão;

Delegadas, Delegados,

no verso vai meu recado,

transbordante de emoção.

Findando qui nem matuto,

cum o quá munto aprindí,

quando no mato eu viví,

agora, de supetão;

amostro o intrelaçamento,

inté mêi triste, é verdade;

entre ais coisa da Cidade,

e ais coisa do meu sertão.

Premita eu me apresentá;

eu sô poeta matuto,

sô disreverente e bruto,

munto prazê, seu Dotô.

Sô nascido natalense,

criado caririzêro;

sô mistura de vaquêro,

cum poeta e trovadô.

Num fui à Universidade,

e pôco sei da ciença,

qui ajudô Vossa Inselença,

a usá êsse anelão.

Hoje eu vivo na cidade,

mais, Dotô, sinceramente,

aqui tudo é deferente,

dais coisa do meu sertão.

A cumeçá puro tempo;

quando tá quente, o danado,

se liga o ar refrigerado,

ô intonce o ventiladô.

No sertão, é um bãe de ríi,

de cúia, ô ispera o açôite,

do vento qui assopra à noite,

é cumo abranda o calô.

No seu transporte, o sinhô,

se tem mêdo de carrêra,

bota uma marcha roncêra,

prá pará, aperta um butão.

No meu transporte, Dotô,

ô pego um já véio, cansado,

ô se eu tô aperriado,

cumo freio, uso o bridão.

O leite qui a gente usa,

o sinhô pode acreditá;

nóis tira lá no currá,

de uma vaca bem nutrida.

Já o qui voirmicê bebe,

quando chega in sua mesa,

é numa caixa, uma beleza,

prometendo longa vida.

E o namôro, Dotô ?!

No sertão num tem “ficá”!

Quando a moça qué casá,

no amô dá seu recado.

Ela é ciente dais coisa,

e sabe a fôrça qui tem;

e sabe cumo ninguém,

dêxá o cabra apaixonado.

Mais o pió tá acuntecendo;

tá tudo se amisturando.

Tem munta image amostrando,

cuma num se deve andá.

Ais droga e a violença,

uis valô da sociedade,

no sertão e na cidade,

tá ficando é tudo iguá.

Dotô, qui pogréssio é êsse,

qui nuis remoto rincão,

tá matando ais tradição,

e ais raízes curturais ?

Será qui o preço cobrado,

pura tá da evolução,

p’ro mais simpres cidadão,

num tá caro, inté demais ?

O jove do interiô,

logo cedo, na verdade,

vem do mato prá Cidade,

percurando instrução.

Ais vêiz, tem inté sucesso;

passa pru média, direto,

porém é um anaifabeto,

dais raíz lá do sertão.

Ajunte cem adolescente,

de quaiqué interiô,

e mande um professô,

preguntá na reunião;

quantos sabe o qui é um “xinxo”,

ô “fazê falá a muda”,

“serrá véio ô rasgá judá”,

“ô gritá paiáço”, intão!

Dotô, eu mêrmo agaranto,

qui menos de dez pru cento,

alí, naquele mumento,

resposta corretamente.

Tudo é munto dispachado,

e munto disinibido,

prá umas coisa é sabido,

mais prá ôta é inucente.

O cavalo foi trocado,

há munto, p’ru bicicreta,

dispôi, p’ru motocicreta,

da artura de um cavalête.

Já ais veste do vaquêro,

p’ru beleléu, já se fôro.

In vêiz do chapéu de côro,

tão usando é capacete.

O Forró de Pé de Serra,

uma preciosidade,

hoje é uma raridade,

quage num é incontrado.

O zabumba e a sanfona,

triângo e seu ritinido,

foi tudíin substituído,

seu Dotô, puro tecrado.

Nossa curtura tá sendo,

pôco a pôco isquicida,

a cada dia, ingulida,

purum inlustre vilão.

Seu Dotô, quem tá matando,

a nossa indentidade,

é triste, mais é verdade;

é a “grobalização”.

Mais, Dotô; tem meia dúza,

de doido, assim, qui nem eu,

qui jamais se isqueceu,

da nossa indentidade.

Prá nóis, qui faiz por amô,

sem visá lucro, imbição,

só tá fartando, meu irmão;

a tá da OPORTUNIDADE!...

Brasília,DF, 26 de novembro de 2007

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte

Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN

Do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

Da Comissão Norte-Riograndense de Folclore

Da Associação Estadual de Poetas Populares-AEPP-RN

Da União dos Cordelistas do Rio Grande do Norte-UNICODERN

Do Instituto Histórico e Geográfico do Cariry-PB

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Sites: www.bobmottapoeta.com.br

www.recantodasletras.com.br/autores/bobmottapoeta

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 13/02/2008
Código do texto: T858433
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