O BOM COMBATE

O BOM COMBATE

I

Odiado foi cristo neste mundo

Combatendo no templo os vendilhões

Sacerdotes hipócritas e ladrões

Como a todos que se fizera imundo

Não deixava no rol como segundo

Sendo este um escriba ou Fariseu

Se político da seita Saduceu

Travestido como um religioso

Era tido por monstro asqueroso

Ou sepulcro caiado se Judeu

II

Foi mais duro Jesus, com o ateu

Um tal Dídimo, chamado de Tomé

Reclamou dos irmãos de Nazaré

A cidade aonde Ele cresceu

Muito pouco milagre aconteceu

Mais o Céu se abriu na Galiléia

Lá em Tiro e Sidon e na Judéia

O negócio foi muito diferente

Curou cego, aleijado e muita gente.

Que ouvira os sermões na assembléia

III

Rico ou pobres famintos da platéia

Que O buscasse com fé receberia

Tanto o pão, quanto a Sabedoria

Saciando seu corpo e sua idéia

Inquirindo os discípulos em Cesaréia

Perguntou-lhes: quem dizem que Eu Sou?

Uns disseram; João que encarnou!

Outro, Elias o grande, um profeta

Outros dizem também que te detesta

Um por um dos discípulos se expressou

IV

Porém Ele, outra vez os indagou

Digais vós, o que pensais de mim

Um silencio reinou nesse ínterim

Nisso Pedro, intrépido exclamou

Eis O Cristo que Deus, nos enviou

O Messias, O Rei de Israel

O Deus Vivo que é Justo e que é Fiel

Visitando em carne o seu povo

Pra fazer com seu sangue tudo novo

Pela cruz, pelos cravos e pelo o fel.

V

Graças dou ao meu Pai que está no céu

Jesus disse; com grande empolgação

Por ter dado a Pedro tal visão

Um discípulo bisonho e tabaréu

O Espírito chegou rasgando o véu

Pegou Pedro, e por ele revelou

Que Jesus, era o Cristo, o Eu Sou

O caminho, A Vida e A Verdade

A promessa de Deus, A Equidade

Que ao mundo, O Pai presenteou.

VI

Porém, logo esse mundo O rejeitou

Por ter Ele doutrina diferente

Ascendeu o furor de muita gente

Quando Ele, seus erros protestou

Pois nenhum dos corruptos Ele poupou

Pra comprar sua igreja, como esposa

Arengou com Herodes, a raposa

Que matou o profeta do Jordão

Não temeu e cumpriu sua missão

Dando a vida por quem hoje desposa.

VII

Como faz na paixão a mariposa

Elevou-se da terra para a Luz

Combateu por Amor, aqui Jesus

Hostes céticas, ferinas aleivosa

Mas deixou entre nós um Pé de Rosa

Sua Igreja, a Noiva Imaculada

Que no mundo mantém-se separada

Do pecado, da vil rebelião

Responsável pela corrupção

Que solapa a plebe desvairada.

VIII

Multidões, que estão enclausurada

Oprimida numa denominação

Como ovelhas em festas de leilão

No mercado por lote é ofertada

Nas igrejas que vivem de fachada

Ostentando do homem a tradição

“Ab-rogam” a graça em convenção

Por ganância ou por concupiscência

Cauterizam a própria consciência

Os seus “líderes” são os obreiros vão

IX

Vendo isto me ponho qual João

O batista, clamando no deserto

Neste embate intestino estou certo

Vai “Herodes,” pedir minha prisão

Mas importa cumprir esta missão

Antes mesmo que o dia escureça

Pode alguém requerer minha cabeça

Isso agrada a mulher de presidente

Foi Maria, a louca inclemente

Que matou Tiradentes, Não esqueça!

X

Zombe o mundo de mim e escarneça!

Com alcunhas de bode aventureiro

De poeta maluco, um embusteiro

Por incrível, vos digo, que pareça

Nada disso fará que eu desvaneça

Antes faz aumentar minha paixão

Por Jesus, digo com convicção!

Ele foi perseguido, eu também sou

Ele venceu na luta, e Nele eu vou

Triunfar, depois dessa provação.

XI

Com Justiça faço esta introdução

Golpeando na carne os infratores

Parasitas do templo, mercadores

Sanguessugas, eivados de ambição

Sob os auspícios da religião

Seus intentos são se locupletar

Como abutres não gostam de caçar

Não trabalham são cheios de preguiça

Mas se esbaldam, achando uma carniça

Glorificam a deus pelo “manjar”.

XII

Todo homem de fato que Amar

A Jesus Nazareno, de Verdade

Certamente terá facilidade

D’estas minhas palavras suportar

Porém nelas, quem se escandalizar

Não conhece o Amor, A Caridade

A Justiça de Deus, a Equidade

De Jesus não aprendeu a lição

Desconhece e não faz a distinção

De Justiça, do termo de bondade

XIII

Confundido serei na vaidade

Dos que abraçam o mau e dizem; bem!

Dos que dizem; ao nosso reino vem!

Seja feita só a minha vontade!

Dos que fogem da liberalidade

Preterindo a quem não tem um pão

Mais dar honra a quem é medalhão

Bajulando quem tem propriedade

Não alcançam a Justa paridade

Faz nos filhos de Deus acepção.

XIV

Adentremos para o “X” da questão

Para o âmago, do tema do cordel.

Ao espírito, que a letra no papel

Fica morta, sem a inspiração

O segredo que está na oração

Vem do verbo, que a frase dá sentido

As palavras se provam com o ouvido

Com a língua se prova o paladar

Mas é cego, quem não quer enxergar

Surdo é quem não ouve esse alarido

XV

Das trombetas soando seus tinido

Pra vivermos do cristo o ideal

Combatendo o horrendo animal

Que solapar quem tá despercebido

Sendo Ousado pareço um atrvido

Pelo verbo, aplicando a disciplina

Como Cícero, barrando o Catilina

Batalhando defendo o meu torrão

Contra as hostes do pérfido dragão

Que ciranda um homem e azucrina

XVI

Homem este que chamo a atenção

Pra mostrar-lhe do monstro o perfil

Como opera na pátria mãe gentil

Lambuzando uma grande multidão

Com a gosma que solta o cramunhão

Quando faz o seu pérfido movimento

Espargindo em roda o excremento

Qual suíno que sai de um chiqueiro

Dentre os homens que amam o dinheiro

Reina frouxo o “senhor” malacafento

XVII

Transformando o homem em instrumento

Quais tentáculos da sua “longa mana”

Eu repito, ciranda ou faz chicana

Construindo no tal seu aposento

Pra quem ver como eu, é um tormento

“Lucius Sergius” zombando da nação

Seu espírito, plantando a corrupção

A ganância, um pecado capital

Donde brota a raiz de todo mal

Culminando na vil devastação

XVIII

Um país batizado em corrupção

A primeira falência é da Justiça

Seu Congresso se torna uma mundiça

Sua imprensa, os “olhos” da nação

Ficam cegos, não vê o cidadão

Com o brilho das verbas estatal

Escorregam no grosso lamaçal

Perde o prumo, a razão, o tirocínio

Se um corrupto lhes “dá” um patrocínio

Tem destaque em manchete principal

XIX

Esse adubo promove um festival

De falência moral numa nação

A verdade transforma em ilusão

A mentira de fato é que é real

Sendo antes o bem, se tornou mal

Ou o mal, é quem antes era o bem

Ninguém sabe de fato quem é quem

Em caindo na onda da lambança

Do seu próximo se perde a confiança

Nesse imbróglio, ninguém é de ninguém

XX

Uns tem muito, e muitos nada tem

Em virtude, da superestrutura

Implantada na sórdida cultura

Que riqueza somente é para quem

Traz na sina do berço, quando vem

Como sendo um sujeito iluminado

Mete medo no proletariado

Esse espírito burguês nazi-fascista

Espolia a classe trabalhista

Sempre foi da elite um coligado

XXI

Esse chiste está amalgamado

Geralmente em quem diz; não posso crer

Se os meus olhos de perto, assim não ver

Ou se nele, eu não tiver tocado

Não percebe que está sendo levado

Sem querer se transforma em instrumento

Que é soprado ou tangido pelo o vento

E se espraia na vil concupiscência

Mesmo sendo um homem de ciência

Aflorando no dito, o “sentimento”

XXII

Vira um bicho atroz em um momento

Que é capaz de matar o seu irmão

De roubar, promover corrupção

Deu lugar? Sofrerá constrangimento!

Pode ser um vigário num convento

Preparando o sermão da homilia

Escorrega e cai na pedofilia?

Sem falar no Incauto dum “pastor”

Desviado da voz do seu senhor

Do espectro se torna a mais valia

XXIII

Não duvido que agora você ria

Ou de pronto comece a me odiar

Natural que lhes venha aflorar

Um desprezo, ou, a terna simpatia

Porém digo; que em breve vem o dia

Em que o sol, da Justiça brilhará

Revelando o seu guia, Oxalá!

Use Deus da sua misericórdia

Loucamente vivestes na mixórdia

Diante Dele, já pensaste o que fará?

XXIV

Dentre em pouco a trombeta soará

Num acorde perfeito anunciando

Que a Verdade na terra está reinando

E o Direito jamais malogrará

Com Justiça ao seu povo regerá

Espargindo o amor nos corações

Transformando as armas em enxadões

Toda terra se enchendo de fartura

Semeando na paz sua cultura

Já que foram libertos dos grilhões. Fim.

Zé Lucena.

José Lucena de Mossoró
Enviado por José Lucena de Mossoró em 18/03/2008
Reeditado em 23/08/2012
Código do texto: T906721
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