NO REMANSO DA HISTÓRIA, VEM SURFANDO A BESTA FERA
NO REMANSO DA HISTÓRIA,
VEM SURFANDO A BESTA FERA.
I
Como a parteira traz luz
Para um ser incipiente
O poeta na história
Indica aporta da frente
Para os presos em si mesmo
Vê de forma congruente
II
com esta introdução
Através deste cordel
Escrevo parabolando
Como faz o menestrel
Que pinta com sua voz
Aquarelas sem pincel
III
Fazendo assim um rabisco
Com os pinceis da razão
Do passado no presente
Faço nova a dimensão
Encurto a sua distância
Com a minha inspiração
IV
Desprezando as fantasias
Dos contos mirabolantes
Sofismas para agradar
Aos homens ignorantes
Que vivem sempre cativos
Em estórias alienantes
V
Mirando essa premissa
Neste folheto singelo
Defenderei duas teses
Traçando um paralelo
Uma é que a história
Forma um ciclo como elo
VI
Aumentando a cada volta
O brilho dos pensamentos
Que vão se acumulando
No redemunho dos ventos
Nos giros da sua rosa
Realçando os implementos
VII
A outra tese em destaque
Pinço da humanidade
Em cada elo do ciclo
A mesma realidade
Um governo “se levanta”
Visando a globalidade
VIII
Bem dizia Salomão
Em sua sabedoria
Nada existe de novo
Nessa nossa cercania
Evolui os pensamentos
Mas o novo ninguém cria
IX
Por tanto pela história
Nós vamos delimitar
Fazendo a topografia
No ponto zero firmar
Um prólogo para essas teses
E em síntese provar
X
voltarei ao marco zero
Para locar o meu norte
Usando meu G.P.S.
Que guardo como suporte
Acionando o “satélite”
Para ali fazer um “corte”
XI
Hachuriando na planta
Desse mapa rabiscado
Encurtado as distancias
Do presente e do passado
Demarcando na história
Ponto por ponto locado
XII
Nos desloquemos agora
Para o baixo Oriente
Ao delta mesopotãmico
Do meio daquela gente
Foi separado um homem
Que por fé partiu na frente
XIII
Ele foi iluminado
Para cumprir a missão
Peregrinar sobre a terra
Fazendo a demarcação
Pra sua posteridade
Receber por concessão
XIV
Foi assim com Abraão
O precursor dos Judeus
Que deixou a parentela
Ouvindo a voz de Deus
De Héber por entre os rios
Saiu o pai dos Hebreus
XV
Fechando o primeiro ciclo
Veio o rei de Babilônia
Açambarcou toda terra
Pra transforma-la em colônia
Foi Nabucodonosor
O motivo da insônia
XVI
Agora vamos à Grécia
No berço ocidental
Na cidade de Atenas
Pertinho do litoral
Encontraremos um homem
Que também foi um canal
XVII
Um esteio que foi marco
Da remota antiguidade
Prestou um grande serviço
Para toda humanidade
Usando da maiêutica
Com muita seriedade
XVIII
Fez muita gente pensar
Mostrando a contradição
Praquele povo sofista
Revelou sua paixão
Ao real conhecimento
Que produz libertação
XIX
Nunca escreveu um soneto
Mas gritava forte ao vento
Como um vaqueiro aboiando
“De ti tens conhecimento”
Esse aboio para muitos
Soava como um tormento
XX
Como a goteira na noite
No sono da indolencia
A ironia de Sócrates
Despertou a violência
E um ódio exacerbado
Contra a sua sapiência
XXI
Calaram a voz martelante
Que havia na cidade
Despindo a hipocrisia
Daquela sociedade
De um direito sem Justiça
Distante da Equidade
XXII
Mas a chama dessa luz
Já tinha se espalhado
Como a água quando é solta
Em um açude estourado
Abrindo fendas no solo
Deixando o seco molhado
XXIII
Em meio ao turbilhão
Repete-se a história
Num homem dominador
Caçador de fama e glória
Nasce Alexandre “o grande”
Despontando com vitória
XXIV
Cumprindo-se mais um ciclo
De barbárie e ambição
Depois dum raio de luz
Surge assim, outra nação
Para reinar sobre o mundo
Numa mesma “inspiração”
XXV
Um novo ciclo começa
Na estrela incandescente
Que iluminou o mundo
Desde o estremo Oriente
Norte, Sul, leste e Oeste
As ilhas do Ocidente
XXVI
O Homem de Nazaré
Não era o iluminado
Era Ele a própria Luz
O Messias esperado
O Verbo da criação
O próprio Deus Encarnado
XXVII
Tudo Nele se completa
Sem Ele o mundo é vazio
Sendo o principio e o fim
É leme para o navio
Caminho pra vida eterna
Quando passarmos o rio
XXVIII
Desde que passou na terra
Muitos tem se “levantado”
Tentando fechar o ciclo
Que foi por Ele traçado
A história vem mostrando
Um por um foi derrubado
XXIX
“Subiu” na França uma besta
Chamada Napoleão
Impingindo para o mundo
Nova codificação
Preparando um governo
De total dominação
XXX
“Caiu” na Rússia gelada
Nas armadilhas da arena
Na ânsia de conquistar
A cobiça o envenena
Morreu louco exilado
Na ilha de Santa Helena
XXXI
Depois dessa “levantou-se”
Outra besta mais feroz
Pequenina em estatura
Mas poderosa na voz
Conspirando contra todos
Numa barbárie atroz
XXXII
Mas também “caiu” por terra
Essa serpente enrustida
Estando encurralada
Deu cabo da própria vida
No saldão do dia “D”
Só restou essa saída
XXXIII
Adolfo Hitle, o bastardo
Destacou-se na história
Pela sua crueldade
Ficou vivo na memória
De toda humanidade
Como a mais pérfida escória
XXXIV
Mas seu ciclo não cobriu
O grande facho de Luz
O Espírito da Verdade
Que a humanidade conduz
Aceso no Sangue Justo
Derramado sobre a cruz
XXXV
Levando Ele a Igreja
O ciclo se fechará
Aí sim, o ante cristo
Sobre aterra reinará
Encarnado num governo
O mundo comandará
XXXVI
Tudo já está cumprido
Só ver quem quer enxergar
Prontos estão os diademas
Para o “bicho” laurear
Com seus chifres afiados
Prontinhos pra “cornear”
XXXVII
Como vimos na história
Nada de novo teremos
O que foi é o que é
E no futuro veremos
Alguém falando de novo
Daquilo que já sabemos
XXXVIII
Pode mudar o ator
Permanece a personagem
É novo pra quem não viu
Mas pra quem viu a paisagem
É um filme reprisado
Exibindo a mesma imagem
XXXIX
Tal e qual na adição
Não se altera o produto
Ou como numa colheita
Cada árvore abona o fruto
Quem não consegue ver isso
Pode se chamar de bruto
XL
Mas nossa maior miséria
É a preguiça mental
Que deixa a memória curta
Isso no homem é fatal
não usando a encefálica
vive como um animal. Fim.