PROCURA-SE, UM POETA.
PROCURA-SE UM POETA.
I
Caro leitor vos saúdo
Com muita satisfação
Na paz que provém do Cristo
De quem tenho inspiração
Pra os versos da minha glosa
Como o sol desperta a rosa
Fechada no seu botão
II
Nas manhãs da primavera
Que com raios vêm beijar
A bela face do campo
Tal e qual nosso luar
De agosto no sertão
Que pinta de ouro o chão
Fazendo a terra brilhar
III
Nesse raio inspirador
Brota em mim a poesia
Qual flor que perfuma o vento
Que de alegre assobia
Soprando pelas campinas
Ecoando nas colinas
Uma linda melodia
IV
Que se ouve com a alma
Os prelúdios da sonata
De cada um instrumento
Como os rufos da cascata
Soam em perfeita harmonia
Na sonora melodia
Que vem da banda da mata
V
Pela viração do dia
A estrela vespertina
Brilha com sua batuta
Nessa orquestra divina
Na retreta da floresta
De cima comanda a festa
Como sua maestrina
VI
Cá ouço o diapasão
Afino a minha viola
Desabrocho meus botões
Voam versos da cachola
Como aroma de ungüento
Extratos do pensamento
Libertos dessa gaiola
VII
Para voar como a brisa
Que leva o cheiro da flor
Usando as asas do vento
Espalhando o seu odor
Assim voam meus repentes
Lançados como as sementes
Pelas mãos dum lavrador
VIII
Nessa fazenda global
Nas terras do coração
Nos sucos rasos da mente
O meu verso é como um grão
De verdade na cultura
Para se colher candura
Todo dia como o pão
IX
Esta é a grande missão
Que deve desempenhar
Todo aquele que é poeta
Pra o povo tem que levar
A divina exortação
Na luz da inspiração
Para os homens libertar
X
Da cruel escravidão
Dos contos mirabolantes
De poetas rapsodos
Que tem caminhos errantes
Controversos e sofistas
“Fabulosos” alquimistas
Das correntes alienantes
XI
Que prende a humanidade
Por cabrestos, criam mitos
Deificam as criaturas
Fundam credo, culto, ritos
Maquiando a Verdade
Louvando a iniqüidade
Naufragada em seus delitos
XII
Sem um norte pra rumar
Desde o corte do cordão
Se tornando um ser aí
Como uma embarcação
Que deixa o porto seguro
Viajando no escuro
Sem piloto no timão
XIII
A deriva pelas vagas
Nesse oceano revolto
Nos giros dos remoinhos
Quase sempre ele é envolto
Dependendo dum momento
Que lhe sopre um barra vento
Para que possa ser solto
XIV
Dos repuxos do funil
Que leva tudo ao abismo
Representando o inferno
No mundo do simbolismo
Desse infortúnio abissal
Inventa o homem um portal
Nas ondas do ceticismo
XV
Nas doutrinas do Caim
Com seu auto banimento
Tentando pagar o preço
Pra fugir do julgamento
Da morte do seu irmão
Achou que tinha razão
Não teve arrependimento
XVI
Nessas águas tenebrosas
Muitos têm se aventurado
Fugindo da própria sombra
Como foge um condenado
Das barras de uma prisão
Sem saber que há perdão
Pra quem confessa o pecado
XVII
Pois pra Deus o homem é
Perdulário e contumaz
Um pródigo que nunca passa
Duma criança incapaz
Como um ser inimputável
Por um ato irresponsável
Não paga pelo que faz
XVIII
Ele vê o nosso estado
De plena necessidade
De completa embriaguez
Pela dose da maldade
Que foi dada a moça bela
Boa noite Cinderela
“Dormiu" a humanidade
XIX
Foi induzida ao erro
Por um aliciamento
Do espírito na serpente
Usada como instrumento
Para lhes roubar a paz
Fez esse espírito sagaz
Sendo o homem um rebento
XX
Passando a humanidade
Sobe seus passos rodar
Cambaleando e caindo
Sem poder se aprumar
Enxergando pouco a frente
Do jardim, saudades sente
Porém, não pode voltar
XXI
Perdendo o dicernimento
Ficou bruto e insensível
Quanto mais “sabido” fica
Mais ele acha impossível
Mergulha no ceticismo
Abraçando o silogismo
Só crer no que é visível
XXII
Tando o homem envenenado
Cego pras coisas do céu
Ufanoso animalesco
Do inferno será réu
Se não voltar para Deus
Que nunca despreza os seus
Antes os liberta do véu
XXIII
Que lhes ofusca a visão
Do plano celestial
Lhes mostrando o caminho
Onde o Bem vence o mal
Encerrando esse conflito
Ouve o brado de bendito
Que vem além do Fanal.
XXIV
Eu sei o quanto é difícil
Para um homem aceitar
Que está cego ou perdido
Sem saber aonde está
Donde veio pra onde vai
Qual o nome do seu pai
Para que possa chamar
XXV
Dizendo que tem saudades
Que deseja sim voltar
Como as águas de um rio
Que desemboca no mar
“Sujas pelos poluentes”
“Jogados nos afluentes”
Para se purificar.
XXVI
Sendo no mar mergulhado
Volta ao céu como vapor
Pura e limpa como antes
“Do sujo poluidor”
Tornando-se água viva
Uma fonte remissiva
Do rio do criador
XXVII
Para brotar nos sertões
Vilas campos e cidades
Assistindo ao sedento
Em meio às calamidades
Com temperatura calma
Refrigerando a alma
Que sofre nas tempestades.
XXVIII
Por ser Deus benevolente
Para o homem é provedor
Separou alguns poetas
Saudosos do seu amor
Para lhes servir de ponte
Nos desertos como fonte
Amenizando o calor
XXIX
Por sua graça inaudita
Que foge o entendimento
Dos sabidos cientistas
Ilhados num pensamento
Redundando em fantasias
Se espraiando em heresias
Frutos do encantamento
XXX
Da sordidez do jardim
Deixando o homem insolente
Altivo no próprio eu
Projetando em sua mente
Que é maior do que Deus
Pois do Olimpio, ele é Zeus
Como lhe disse a serpente.
XXXI
Porém, Deus falando ao povo
Para que seja entendido
Falava aos seus poetas
Ele sim, será ouvido
Por todos homens da terra
Para paz ou para a guerra
Seram logo advertido.
XXXII
Porem, surgiram os videntes
Pitonisas, adivinhos
Astrólogos e feiticeiros
Seguindo os mesmos caminhos
Com falsa filosofia
Plantando a mitologia
Na doutrina dos “deusinhos”.
XXXIII
Devido a idolatria
Cuidou Deus em separar
Para si um povo santo
E nesse povo operar
O plano da salvação
Com a sua própria mão
Vem tal povo arrebatar
XXXIV
E é já chegada à hora
O minuto derradeiro
Como o poeta Diógenes
Deus procura um jornaleiro
Um verdadeiro poeta
Para lhes ser por profeta
Neste ato derradeiro
XXXV
Que seja um homem fiel
Um sincero hospitaleiro
Moderado e diligente
Um honesto companheiro
Que vai para a cantoria
E volta com alegria
Sem brigar pelo dinheiro
XXXVI
Sem falar dos seus colegas
Devolvendo o emprestado
Não se prende com novela
Nem sabe comprar fiado
Mas sabe guardar segredo
E da morte não tem medo
Será por deus contratado.
Fim.