SERÁ QUE ATÉ PAPAI NOEL...DEPRIMIU!?

A princípio minha ideia de texto me instigou a qualificá-lo como humor porque confesso que assim que o avistei na sua cena decorativa eu a achei meio inusitada, porém logo percebi que não se tratava de conteúdo humorístico, muito pelo contrário.

Ali, olhando bem, havia algo de triste espelhado na cena cotidiana do mundo às claras luzes do Natal.

Todos já notamos que as festas Natalinas se aproximam e percebo que, mesmo para quem não é cristão, decerto que num país de fé tradicional como o nosso, é impossível não se contagiar com a magia e com a histórica "teosociologia" do Natal.

Hoje, na turbulência em que o mundo vive ( até a Europa diminuiu suas luzes!), e não me refiro apenas à turbulência financeira, penso que, do tudo, essa é a menos triste, é inegável a necessidade que todos temos de sair um pouco da realidade dum planeta judiado, dilapidado e distorcido de sentido, no qual as condições de vida estão cada vez mais inóspitas a todos os seres, e pelo que sinto, até ao ser do espírito dos Papais- Noéis.

Tento conservar em mim aquela sensação dos Natais de criança, confesso que me esforço muito, época em que a figura do Santa Claus me inspirava bondade, igualdade e fraternidade, quando tínhamos a certeza irrefutável de que Papai Noel existia para todos...e seria para sempre. Era tão bom...

Há sensações que nunca deveríamos perdê-las.

E hoje eu, meio às pressas e de passagem, ao entrar num pequeno e decadente recinto comercial abalado pelos novos tempos de repaginação financeira e que tenta se reerguer, logo o avistei de longe sentado no seu Trono, em meio àquelas decorações que tão compulsóriamente brilham por todos os lados.

Estava ali nitidamente à espera de alguma criança, adulta ou ainda não, que ao menos o fizesse acreditar que, por alguns dias, ele é um ser advindo dum mundo melhor com algo muito importante para oferecer.

Algo que ali ele também parecia já não ter...se é que teve nalgum dia.

O tempo todo cabisbaixo, imóvel, de olhos caídos, testa sulcada e lábios cerrados, me passava a nítida sensação de que estava ali plantado, artista da vida obrigado a se disfarçar dum Natal que nem ele mesmo mais acredita existir.

Decerto que é preciso alguma sensibilidade para enxergá-lo por dentro de sua vestimenta caricata, importada como tantas realidades que importamos fora das nossas medidas, embora eu saiba, assim com ele também, que existem vários Santa- Claus espalhados pela cidade que já nos provam que sequer o Natal é mais uma festa Cristã a nos configurar a fraternidade dos sentimentos entre os homens de todos os "mundos".

E alguém me perguntou: "Você viu aquilo?"

E como não ver? É só abrir os olhos pelos tantos Natais desta vida...

Há Natais e Natais. Há muitos espíritos de festa mas dentre tantos há um só ESPÍRITO de luz.

Que tem vários nomes e que também podemos chamá-LO de PAPAI- NOEL.

Que o Natal milagrosamente nos aconteça assim como para aquele bom velhinho tão triste que magicamente inspirou o meu texto.