DE NOVO É NATAL

DE NOVO É NATAL

Tinha jurado para com meus botões que não iria mais escrever sobre o tempo de finais de ano, nem mesmo sobre tempo de Natal. Mas não há como fugir, de repente bateu aquela nostalgia, e, pronto, aqui estou eu a juntar pedaços de tempo, a costurar memórias, que se ficam qual vento, a prelibar em eflúvios de saudade.

Mas o Natal que havia de ser tempo de reflexão e de homenagear o Deus que por amor de nós se fez pequenino, mais parece festa pagã. O Natal hoje não tem aquele sentimento de verdadeira religiosidade dos tempos de nossos avós, pois foi transformado naquilo que é o avesso do que deveria ser a maior festa cristã.

Árvores coloridas de natal nesta quadra do ano brilham feéricas nas praças, nas ruas, e nas vitrines das casas de comércio, mas não com a intenção primeira de homenagear o aniversariante, mas para atrair mais consumidores, pois o comércio precisa vender, e nos transformamos numa sociedade de consumo insaciável e materialista.

O tempo de Natal que devia ser um tempo de reflexão e confraternização, não só na família, mas também entre vizinhos e os não vizinhos, tornou-se o tempo do empurra, empurra, nos corredores dos grandes centros comerciais, na procura de coisas, na doce ilusão de que mais badulaques cheirando a novo venham a preencher o vazio que se foi acumulando em nós ao correr dos dias do ano prestes a terminar.

A propósito, tomo aqui emprestados excertos do poema de Fernando Pessoa cujo título é: Navegar. Eis uma pequena amostra: “Descobre-te todos os dias,deixa-te levar pelas tuas vontades,mas não enlouqueças por elas. Dá um sorriso àqueles que se esqueceram como se faz isso. Olha para o lado, há alguém que precisa de ti. Abastece o teu coração de fé, não a percas nunca! Agoniza de dor por um amigo,só sairás dessa agonia se conseguires tirá-lo, também. Não te acostumes com o que não te faz feliz, revolta-te quando julgares necessário. Enche teu coração de esperança, mas não deixes que ele se afogue nela.Se achares que precisas voltar atrás, volta! Se perceberes que precisas seguir, segue! Se estiveres errado, começa novamente. Se estiver tudo certo, continua. Se sentires saudades, mata-as. Se perderes um amor não te percas”.

...E a vida poderia ser bem melhor, menos complicada, bastaria que nos propuséssemos refletir sobre o mistério da manjedoura de Belém, símbolo do desapego dos bens materiais. Orgulho, vaidade são o lado sombrio que torna o homem um tolo, deuses de pés de barro.

Contemplemos aquele menino envolto em trapinhos, aquecido pelo bafo de mansos animais, sendo ele rei do mundo que se deixou nascer numa humildade manjedoura, porque seus pais, não encontraram lugar em hospedaria.

Assim nos relata a Sagrada Escritura, e mais relata que, anjos entoando cânticos pelos céus anunciaram a humildes pastores que um Deus menino acabava de nascer: “glória a Deus nos céus e paz aos homens na terra. Ide adorá-Lo”. Depois vieram três reis, guiados por uma estrela de brilho diferente, e ali chegando, genuflexos ofereceram ao menino, incenso, mirra e ouro.

Um Alegre e Santo Natal e Feliz e Próspero Ano Novo para todos.

Eduardo de Almeida Farias

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 22/12/2011
Código do texto: T3401901