Natais!

Sempre lembrados pelo sabor da infância...
Infância, nem sempre tão feliz...



Como toda criança, menina, ela sempre teve um sonho... Uma boneca, não precisava ser muito grande, mas que tivesses cabelos para pentear.
Todo Natal... Lá estava ela, acordando cedinho e correndo par o pé da árvore, que nem sempre existiu...
E com a luz que penetrava, por através dos buracos, da porta gasta da sala de visitas, ela procurava ansiosa e contida, entre os pacotinhos, o desejado presente...
Muitas vezes, voltava para a cama quietinha, enquanto ainda todos dormiam e derramava lágrimas quentes de tristeza, pois não sabia, por que Papai Noel não a ouvia... Ela tinha sido boazinha, ajudado sua mãe e, cuidado se suas irmãzinhas, enquanto suas amigas brincavam lá fora!
Uma vez, chegou a ganhar caminha e mobília, de uma casinha de bonecas...
Mas a boneca!?Achava que Papai Noel, por ser velhinho, havia esquecido sua linda boneca, que se chamaria Ana Maria...
E agora só no próximo Natal!
Sua boneca era sua irmãzinha Virgínia, de quem cuidava e aproveitava para exercer seu instinto maternal nato. Penteava seus cabelinhos de anjo de mil maneiras, imaginando ser ela, sua boneca tão desejada.
O tempo foi passando, houveram muitos presentes, caminhas de princesas presente do papai, uma gangorra com cavalinhos, toda em tons de rosas e azuis; último presente do nosso "Papai Noel”.
Acreditou que bonecas, só eram dadas às crianças, que não tinham como ela, o dom de se divertir, com os sonhos e histórias, que lhe iam à imaginação.
E finalmente encontrou um refúgio, diante dos livros de histórias, que passaram a ser, um presente tão cobiçado quanto sua boneca Ana Maria.Neles ela aprendeu a viajar, para fora do seu mundinho tão pobre de emoções e crescendo por dentro, passou a fazer parte das pessoas solitárias...Pois que a maturidade adquirida, logo redimensionou sua realidade e a transportou para dentro da vida, amarga dura e difícil!
Então o Natal passou a ser uma festa hipócrita, aonde presentes, tinham a pretensão de preencher a falta de atenção e cuidados.
27 anos depois, não no Natal, mas em março dia 10, de uma tarde muito quente, ela finalmente ganhou sua primeira boneca, Cabelinhos encaracolados negros, olhinhos escuros... Tão pequenina que parecia ser uma fadinha.Numa emoção intraduzível! Finalmente Papai Noel ouvia minhas preces e colocava definitivamente, na minha vida não só minha boneca, mas minha filha, minha amiga e amada Helena para se unir ao mano Rodrigo e, depois bem mais tarde Pedrinho, que hoje é nosso bebê tão amado! Definitivamente descobri, que não gosto do Natal, pois os presentes os recebo todo dia, em formas preciosas de amor e reconhecimento, das pessoas que me amam, com meus defeitos e minhas qualidades sem me cobrarem por isto nada de volta!
Natal é época de fazer festa no coração renovar carinhos e afetos, de repensar nossos valores...
É momento de reflexão e compaixão para com nosso próximo menos aventurado!
E hoje, para este Natal, meu maior desejo é que as pessoas se voltem para dentro delas e, busquem no seu coração um carinho renovado e o entreguem verdadeiramente a vida!

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