CHEGA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES.

Chega de Violência Contra as mulheres

A violência, em qualquer de seus aspectos, deve ou deveria ser motivo de preocupação prioritária do conjunto da sociedade.

O objetivo não deveria ser apenas o combate à violência e sim extirpá-la do nosso comportamento. Ela está arraigada em nossa existência desde os primórdios da humanidade.

Pode ser definida como um distúrbio ético e moral do individuo e da sociedade.

Sempre que nos deparamos com situações extremas ocasionadas pela manifestação física e visível de um ato violento, reagimos com indignação.

Indignação não é suficiente para explicitar o repúdio experimentado por muitos divinopolitanos por causa das agressões sofridas por uma dona de casa que, humilhada, agredida e destituída de toda dignidade, foi amplamente divulgada pela imprensa.

Ali pudemos observar a que ponto pode-se diminuir um ser humano e, infelizmente, isso não é um fato isolado.

Milhares de mulheres sofrem todo tipo de violência diariamente no Brasil e não acontece absolutamente nada. Não existem medidas preventivas para evitar tragédias daquela magnitude.

As Mulheres têm sido vítimas, sistemáticas das mais sofisticadas formas de agressões que não deixam cicatrizes físicas, mas deixam cicatrizes psicológicas e traumas insuperáveis.

Com a evolução da sociedade da informação, esperava-se o domínio da brutalidade latente na pessoa humana.

Quando nos deparamos com realidades chocantes como a vivenciada por aquela mulher, vítima de uma loucura que a transformou em um farrapo humano desprovido de todo e qualquer respeito devido à pessoa, seja mulher ou homem, e sentir-se incapaz de evitar que isso não seja corriqueiro é, de fato, terrível.

Como explicar para uma pessoa ultrajada e violentada que ela tem direitos e não poderia ser exposta a situação tão vexatória de humilhação física e psicológica por parte de seu companheiro?

De quando em vez, festejamos as conquistas do sexo feminino como se isso fosse algo de extraordinário e o é, embora não devesse sê-lo.

Acontece que, desde o principio da humanidade, elas foram excluídas, salvo raras exceções históricas, do processo de evolução da sociedade.

Era eticamente moral excluir a mulher de qualquer forma de envolvimento, por ser considerada inferior e incapaz; ainda hoje, existem sociedades contemporâneas extremamente patriarcais nas quais as mulheres não têm direito sequer de manifestar o seu pensamento.

Ao longo dos milênios, essa parcela da humanidade vem lutando de maneira sobrenatural para conquistar seu lugar ao sol, mas foram impedidas violentamente pela força física das sociedades machistas no decorrer dos séculos.

Talvez esse fato explique porque tanta violência contra as mulheres, entretanto, não a justifique; ela é desnecessária.

Mulheres e homens têm o mesmo direito à dignidade de pessoa humana e devem usufruí-lo sem restrições alguma, sob pena de qualquer restrição se transformar em violência ao direito natural da existência do individuo.

Acredito ser por isso que festejamos cada conquista de liberdade alcançada pela mulher. É pouco. Em pleno século XXI, testemunhamos as mulheres sendo submetidas a situações vexatórias de violência física, psicológica, espiritual e ficamos de braços cruzados sem nada fazer para minorar situações como a divulgada pela imprensa local.

Os nossos legisladores fazem tantas leis inócuas; resoluções sem sentido; decretos que jamais serão observados ou obedecidos.

Discutem tantos temas que terão pouca ou nenhuma repercussão no cotidiano das pessoas e nada fazem para coibir a violência contra as mulheres brasileiras.

Elas estão cansadas de serem vítimas indefesas de animais travestidos em ser humano.

O Estado deveria ter uma lei que determine ao Poder Público tomar a iniciativa de denunciar e punir qualquer pessoa que agrida uma mulher e não apenas esperar que a vítima tenha a coragem de denunciar os maus tratos provocados pelo companheiro ou outrem.

É preciso compreender que uma vítima da violência está completamente intimidada pelo terror e se submete à condição sub-humana de vida e humilhação em silêncio.

Além disso, as penalidades existentes previstas em lei são leves, não coíbem a violência e restringem qualquer iniciativa de denúncia por parte da pessoa que sofre agressões e maus tratos.

Nesse aspecto, é imperioso aumentar as penalidades aos agressores de mulheres e vítimas indefesas, senão, continuaremos a testemunhar fatos cada vez mais trágicos e manifestaremos inutilmente nossa indignação.

Está na hora de a sociedade dar um basta na violência e suas mais diversas formas de manifestação.

Texto elaborado e publicado em fevereiro de 2004 no Jornal Magazine.